Suvaco de Anjo 2013: Vinho de garagem com nome inusitado

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Tive a oportunidade de provar no ano passado este vinho, quando da Primeira Feira de Vinhos Naturebas da Enoteca Saint Vin Saint.

Posteriormente, provei com mais calma a garrafa que comprei, antes do natal, mas como as coisas são corridas, somente agora conclui o texto.

Claro, de cara o vinho já me chamou a atenção pelo nome sugestivo e bem dentro do espírito do Blog Vinho dos Anjos: Descontraído, sem frescuras e para poucos que apreciam.

Meu Blog busca se expressar de forma direta e sem rodeios, como eu digo “Uma forma diferente de ver e tratar os vinhos”.

Mas vamos ao Suvaco. Composto de duas uvas, a Pinot Noir vinificada em branco (75%) e de Chardonnay (25%). Possui cor intensa, resultado de sua “não filtragem”.

Conversei com o Eduardo Zenker, proprietário da vinícola e também quem elabora o vinho.

As informações passadas foram exatamente as que percebi no vinho.

As uvas são provenientes de seu próprio vinhedo, localizado em Garibaldi, masi precisamente em Carlos Barbosa, RS, sendo que as duas foram vinificadas juntas. Primeiro a Chardonnay foi esmagada, em seguida juntou-se o mosto da Pinot Noir.

Foram feitos mais de 2000 litros do preparado para o vinho, sendo que para este vinho são previstas de 300 a 500 garrafas de produção, dependendo da demanda, quando serão engarrafadas.

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Tem leveza, baixo teor alcoólico (10,4%) e uma cor exuberante, um alaranjado, meio salmão, puxando para tons brilhantes de amarelo.

O Vinhedo: Vinhas da Loucura.

Não tem a limpidez de um vinho filtrado, apresenta opacidade, e nem precisa ser límpido, sua proposta é outra, é a experiência do vinho da taça para a boca.

Envolvente, bem fresco, tem um corpo médio e envolvente.

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Talvez a referência aos anjos tenha sido dada por ser realmente envolvente, delicado, meio enigmático, sutil.

O suvaco, uma referência aos aromas estranhos, dificilmente identificáveis á nossa biblioteca olfativa, mas vamos lá, pode ter um toque de suvaco mesmo, na sutileza achada no seu esplendor.

Vale a experiência, vale a experimentação sem comparativos, isto é Suvaco, Suvaco de Anjo, agora, no Blog Vinho dos Anjos. Salut!

Contato para pedidos:

Eduardo Zenker

edu.zenker@yahoo.com.br

A Chardonnay, uva emblemática de utilização ampla, tem seus mistérios

Chardonnay

A Chardonnay é uma uva plantada em quase todas as regiões do mundo e uma das castas preferidas para a produção de Champagne, pela elegância, pela intensidade aromática e pela complexidade que confere ao vinho.

Uva de pele verde e que produz vinhos brancos e espumantes, superada no plantio apenas pela uva Airen. Uva que torna o vinho rico em sabores e aromas como o do pêssego, o melão, a maça verde, o limão e a pera, evidenciando as frutas cítricas (Climas mais frios) e tropicais (Climas quentes). Variando dos vinhos mais leves e delicados, aos mais estruturados e encorpados.

O sabor e os aromas são derivados principalmente das peles da uva, que conferem aos vinhos toda a essência das características de frutas cítricas.

Tanto utilizada em sua expressão máxima da fruta, sem passagem por madeira, como em passagens que vão do suave aos vinhos mais amadeirados, sempre em busca de maior complexidade em aromas e no paladar, somando características de baunilha e amanteigados.

Em alguns casos, é e foi muito utilizada em contato com o carvalho de forma excessiva e abusiva, principalmente no Novo Mundo e em vinhos de baixo valor ao consumidor. São os chamados “Heavy Carvalho”. Estilo que hoje incomoda o grande apreciador desta uva e dos vinhos feitos por meio delas.

Compõe os grandes vinhos brancos da França, onde se desenvolveu, como os da região da Borgonha, de Chablis e Champagne, sendo também muito cultivada na Califórnia (Napa, Sonoma, Mendocino) onde seu plantio alcança 40% de área plantada, no que se refere ás uvas brancas. E ainda muito difundida na Austrália e Nova Zelândia.

É uma casta que se adapta perfeitamente em regiões de clima frio e também em regiões secas e quentes.

O “terroir” parece ser o grande aliado desta casta, pois em cada região, confere características diferentes e próprias que aliadas ao fator de passagem ou não pelo carvalho, conferem seus diferencias e sutilezas únicos.

Em garrafa os sabores são geralmente aqueles que carrega de seu “terroir” ou ainda somados pela passagem maior ou menor pelo carvalho, tornando-se o veículo perfeito para produtores que querem mostrar o caráter de sua vinha e demonstrar a arte particular de técnicas de vinificação. Longas fermentações frias e engarrafamento precoce são tão adequados para esta variedade, como a fermentação e envelhecimento em carvalhos novos ou ligeiras passagens em carvalhos de segundo e terceiro usos.

A Chardonnay parece não apresentar quaisquer problemas especiais no plantio, exceto talvez em sua origem e berço, a Borgonha onde a brotação precoce pode torná-la vulnerável às geadas da primavera. Em outros lugares, porém a Chardonnay cresce tranquila e se adapta aos novos ambientes com muita facilidade.

Poucas uvas brancas são capazes de produzir vinhos com tamanha complexidade e capacidade de envelhecimento como a Chardonnay. Pode-se dizer que ela é um dos verdadeiros clássicos do mundo, uma casta nobre.

A história da uva Chardonnay se origina de uma aldeia do mesmo nome em Macon que fica na região francesa da Borgonha, local mundialmente famoso. Acredita-se que o vinho Chardonnay foi distribuído por toda a França por monges cistercienses.

A primeira referência conhecida ao vinho Chardonnay foi escrita por monges no ano 1330. Os monges cistercienses (acredita-se) foram os primeiros a plantar a uva Chardonnay em seus vinhedos com a finalidade de produção em massa e distribuição de vinhos.

Ao longo da história a Chardonnay, sempre se apresentou com características notavelmente consistentes. A uva nasce de uma trepadeira vigorosa, com cachos de tamanho médio. Uma vez maduros eles são de uma cor amarelo dourado e brilhante, seus bagos são muito pequenos e frágeis e com uma pele fina, o que exige muito cuidado durante a colheita e manuseio para não arruinar toda a produção.

São uvas muito sensíveis ao seu meio ambiente o que significa que os vinhos elaborados com a Chardonnay têm um gosto distinto e sabor que pode variar muito em complexidade, cultivadas em climas mais quentes tendem a ter um toque de mel maravilhoso e cultivadas em climas frios produzem vinhos com uma abundância de sabores frutados e cítricos.

Vinificação

A Chardonnay pode ser utilizada para qualquer estilo de vinhos, desde os vinhos chamados tranquilos, aos vinhos espumantes e também de colheita tardia e botritizados. Mesmo não sendo tão suscetíveis à chamada podridão nobre.

As barricas podem ser utilizadas durante ou após a fermentação. Dentre os sabores decorrentes da utilização do carvalho, podemos perceber o caramelo, fumo, especiarias, coco, canela, cravo e baunilha. Outras decisões de vinificação que podem ter um efeito significativo incluem a temperatura da fermentação e o tempo a ela exposto.

A Chardonnay e as harmonizações

Na harmonização, a Chardonnay vai bem com molhos cremosos, aves e frutos do mar. Também harmoniza perfeitamente com queijos leves, como o gruyère ou o provolone. Ostras e salmão também combinam com os sabores cítricos de um Chardonnay típico. Mas estas são harmonizações sugeridas de forma ampla, pois a complexidade da Chardonnay há de ser avaliada em todo o seu estilo próprio e conferido pelo “terroir” de origem.

 

Vinho Cobos Felino Chardonnay com bolo de milho. E não é que combinou!

Faz alguns dias me deparei com um maravilhoso e lindo bolo de milho, que me fez arregalar os olhos de vontade (coisa rara em mim, em se tratando de bolos). Mas a vontade de tomar um vinho, mais precisamente um Chardonnay, também era grande e resolvi experimentar fazendo esta experiência inusitada.

Peguei um Cobos Felino Chardonnay 2009 (A safra disponível para venda é a 2010) (91 pontos do Parker, safra 2006) e levei para gelar até a temperatura adequada.

O Cobos é um vinho argentino produzido  em Luján de Cuyo, Mendoza. Seu teor alcoólico é de 14% e ele é elaborado 100% com a uva Chardonnay, a uva branca que mais aprecio. É envelhecido em inox. Um vinho que recebeu de Robert Parker, em sua safra de 2006, extraordinários 91 pontos.

Nos aromas, frutas tropicais, um leve amanteigado e mel. Na boca, muita persistência, equilíbrio e sobretudo, uma harmonia que se consolidou com a leveza do bolo, que tem pouco açúcar, mas muita maciez.

Para quem deseja apenas o bolo, ou pretende se aventurar nesta combinação, segue a receita muito simples.

Receita de bolo de milho

Ingredientes:

– 2 latas de milho (1 escorrida e a outra com a água)

– 2 colheres de sopa (cheias) de manteiga ou margarina

– 4 ovos inteiros

– 1 vidro de leite de coco

– 2 xícaras de chá de açúcar

– 2 copos de fubá pré-cozido

– 1 colher de sopa de fermento em pó

– 1 caixa de creme de leite

– 1 copo de leite

Modo de fazer:

Bater no liquidificador os ovos, a manteiga, o milho e o leite de coco por 2 minutos.

Junte o açúcar, o fubá e o creme de leite e bata por mais 2 minutos.

Coloque o fermento e bata um pouco no liquidificador.

Unte a forma (com buraco no meio) com margarina e farinha de trigo.

Leve ao forno pré-aquecido a 180° por mais ou menos 40 minutos.

Pronto, é só servir!

Você encontra este vinho na Vinnobile (Safra disponível 2010) : http://www.vinnobile.com.br/produto/100/414/cobos-felino-chardonnay-2009

Visite a Loja da Vinnobile: www.vinnobile.com.br

Como foi o Seminário e a degustação de vinhos da Borgonha em Abril

Não escrevi antes porque fiquei pensando como descrever o que tenho na mente, sobre o sabor e os aromas dos vinhos da Borgonha.

O Seminário foi muito bem apresentado, organizado e produtivo.

O Seminário: Organização e cuidado na apresentação

Contou com a tradução da Alexandra Corvo, e com um público focado e interessado.

Provamos oito vinhos, cuja lista segue abaixo.

– Bourgogne Blanc, Cevée des Forgets, 2010, Domaine Patrick JAVILLIER: Vinho branco. Muito mineral, porém com aromas contidos. Muita acidez, média persistência, na boca limão. Não permite envelhecimento, bom para consumo rápido.

– Bourgogne Hautes Cotes de Nuits, 2010, Domaine Philippe GAVIGNET: Vinho tinto. Aromas de groselha e leve herbáceo. Na boca sensação de leve adocicado, alta acidez e cassis. Um vinho ainda jovem. Depois de um tempo na taça, revelou-se mais complexo e completo.

– Pouilly-Fuisse, 2009, Domaine Pascal ROLLET: Vinho branco. Aromas de defumado, a fruta apareceu pouco. Na boca, a mesma sensação de defumado, boa acidez, glicerol abundante e bem perceptível.

– MERCUREY, 2009, Domaine du Château de CHAMIREY: Vinho tinto, frutas nos aromas. Na boca as frutas são menos presentes. Maior “rugosidade”, característica mais tânica, alta acidez.

– MEURSAULT 1er Cru, Genevrières, 2009, Domaine LATOUR GIRAUD: Vinho branco, grande complexidade aromática. Na boca é untuoso, elegante. Um vinho barricado.

– GEVREY-CHAMBERTIN 1er Cru, Cherbaudes, 2008, Domaine des BEAUMONT: Vinho tinto. Aromas de cereja, grande complexidade aromática. Cor rubi com notas de envelhecimento. Grande acidez.

– CHABLIS GRAND CRU, Valmur, 2009, Domaine Christian MOREAU: Vinho branco. Bem aromático. Na boca, menos complexo, mas com expressão da fruta, como limão, pera e abacaxi.

– CORTON GRAND CRU, Le Rognet et Corton, 2008, Domaine Michel MALLARD & Fils: Vinho tinto. Muito complexo nos aromas, intenso, harmonioso, grande sensação de herbáceo.

Fizemos uma viagem pela região, ressaltada por suas características de “Terroir” e aquilo que ouvimos ser os “Climats”, ou seja, a parte dividida, a parcela única de terra que reflete o conjunto do “Teroir”.

Seria a parcela de terreno, em toda as suas características e particularidades, de forma catalogada, bem definida e própria. Estes “Climats”, transformaram a região da Borgonha, em um mosaico a céu aberto, onde cada parcela reflete a característica própria, única e especial dos vinhos de lá provenientes.

Os vinhos da Borgonha refletem uma história, construída ao longo de 2000 anos, de riquezas, tradições eaprendizado, conquistas e excelência.

Hoje, a maior produção de vinhos da Borgonha, é de vinhos brancos, da uva Chardonnay (61%), depois vêm os tintos da uva Pinot Noir (30%) e os Crémants da Borgonha (8%) e 1% de roses.

Após o seminário, seguimos para a sala de degustação. Onde tivemos contato com os produtores, uma vasta gama de vinhos, interessantíssimos e únicos.

Destaco o produtor Château Villars Fontaine – Domaine de Montmain, representado pela figura cativante de seu proprietário.

Provei todos os vinhos deste produtor e gostei de todos. Destaco o Hautes Côtes de Nuits “Clos du Château” Grand Tradition. Um vinho branco muito complexo e completo. Grande corpo para um branco, muitos aromas, grande acidez, safra 2005

Não há como não gostar dos vinhos da Borgonha. Eles refletem realmente seu produtor, a características das principais uvas (Chardonnay e Pinot Noir), em um conjunto que reúne aromas sutis, alta acidez, leveza no corpo e frescor. Se é que seja possível definir o conjunto dos vinhos da Borgonha e particularidades, como um todo.