Susana Balbo: Uma mulher, seu conceito, seus vinhos e visão de vida

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Enóloga argentina visita o Brasil e fala de seus ideais e vinhos

Susana Balbo mais uma vez esteve no Brasil para falar dos seus projetos e de seus vinhos.

A aclamada e reconhecida enóloga (Foi a primeira da Argentina), sempre tem uma palavra, uma novidade expressa em sua simpatia e carisma, principalmente quando se trata de falar de vinhos, de vida e dos seus filhos. Sua inspiração!

Eleita uma das mulheres mais influentes no mundo dos vinhos, Susana Balbo tem uma carreira de mais de 30 anos neste segmento e conseguiu realizar seu sonho que foi ter sua própria adega.

Juntamente com seus filhos, fonte de inspiração constante, tem conseguido ao longo de 10 anos um posicionamento bem definido tanto com seus vinhos, quanto com a qualidade em reconhecimento mundial.

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Neste almoço do qual participei, promovido pela Cantu, a importadora de vinhos da Susana, foram apresentados cinco vinhos de sua linha de produtos, dentre eles o branco Crios Torrontés 2019, vinho muito fresco e vibrante, símbolo de uma conquista pessoal que foi a de elaborar um vinho fácil de beber e com esta uva emblemática da Argentina.

Na mesma linha provamos o Crios Rosé de Malbec 2019. Vinho que surpreendeu pela cor, pela leveza e pela delicadeza e o Crios Malbec 2018, mais suculento, frutado e com toques de especiarias e café.

Mas os vinhos que surpreenderam foram os que irei descrever abaixo.

Me encantaram nos aromas, em boca e em todo o conjunto na taça.

– Susana Balbo Cabernet Sauvignon 2017

Vinho do Valle de Uco, que apesar de aparecer como varietal, tem em sua composição 93% de Cabernet Sauvignon e 7% de Malbec, permitido pela legislação.

As uvas que compõem este vinho sofreram uma dupla seleção de bagos. A colheita no vinhedo é manual e o vinho tem passagem de 13 meses em carvalho francês, sendo 30% em barricas novas e 70% em barricas de segundo uso.

Esta maciez alcançada pelo vinho, surpreende desde o nariz onde apresenta notas aromáticas de especiarias e pimentão, frutas vermelhas em compota e alecrim.

Em boca é harmonioso e macio, com notas de baunilha e caramelo muito elegantes. Sedoso, tânico na medida certa, com uma persistência final agradável e um  final longo.

– Susana Balbo Signature Brioso 2017

Vinho de Agrelo, Mendoza, é um corte das uvas Cabernet Sauvignon 41%, Malbec 32%, Cabernet Franc 22% e Petit Verdot 5%.

O vinho passou 15 meses em carvalho francês de primeiro uso.

Em suas características tem um vermelho rubi profundo, aromas de frutas negras como ameixas e amoras. Em boca confirma a fruta negra e apresenta um toque floral e de baunilha e chocolate, fruto da passagem em barricas. É untuoso, imponente, vibrante e tem taninos macios e redondos. Um show de vinho!

Nas palavras de Susana Balbo, “o poder das mãos está na capacidade de criar, se renovar, expressar e amar. Não é por acaso que as mãos representaram desde o início, a imagem em seus rótulos.

Superar as dificuldades da vida, viver, dar o melhor que se pode dar com a capacidade individual, brindar uma vida melhor com compromisso e intensidade”.

Quer um legado maior?

Estas são as palavras desta agradável e simpática mulher do vinho! Nas voltas com seus novos projetos, incansável, inteligente e vivaz!

Saúde!

 

 

O Vinho como liberdade de expressão. Escolhas

Todos nós temos as nossas preferências. Na vida buscamos o que mais nos agrada, o caminho mais suave, as oportunidades agarradas sem hesitação.

Os vinhos são particulares. Quando escolhemos um, é porque gostamos, ou porque nos recomendaram (e aí só depois saberemos se gostamos), ou porque algo, sua história, seu rótulo, seja o que for, nos chamou a atenção.

Escolher um vinho em uma prateleira não é tarefa fácil. Temos uma gama de possibilidades que nos atraem, nos direcionam e nos influenciam.

Assim como a vida, somos levados ás vezes pela aparência. A casca, o rótulo. Mas, tudo o que importa, é o conteúdo, o líquido, o que levamos em nós internamente, o que somos, o que o vinho é.

Quantas vezes não nos deixamos levar por tudo isto? Quantas vezes erramos nas escolhas mal definidas, nas coisas mal interpretadas. E assim como todos nós, o tempo dirá a verdade. O vinho envelhece na garrafa, se torna outro, novas descobertas, ou decepções de uma vida pouco longeva.

Somos a soma das nossas experiências. O vinho é a soma de sua transformação na garrafa, aliada ao que ele era ao ser concebido.

Carregamos nossa marca desde o nascimento, o vinho também. Temos nossas heranças genéticas, nossa aura presente desde a criação. O vinho carrega esta marca, esta aura de concepção, que o torna um vinho de guarda, ou algo a ser consumido ligeiramente, quase sem expressão de vida, algo imediatista, prazeroso apenas em um instante, mas sem caráter permanente.

Escolher um vinho se assemelha a escolher caminhos. “O que eu quero beber?”. “O que eu quero para mim?”. “Para onde e com quem eu seguirei?”. “O que eu quero que permaneça em minhas memórias, no vinho ou na vida?”. “Serei feliz assim?” “Acordarei bem amanhã?”

Questões para as quais, podemos ter respostas simples, se olharmos o vinho e fizermos uma comparação com nossa vida, não é verdade? Basta simplificar o que parece tão complicado e fazer e provar do que se gosta, Sem rotulagens, experimentar.

Talvez para muitos isto seja confuso, como ainda é a escolha do seu próprio vinho, mas há aí um segredo, que nos faz envelhecer somando, e buscando o melhor em nós e nos vinhos.

 

 

Os vinhos, o vento e as flores no tempo…

Ah! Não poderia ser diferente, iniciar o post com coisas tão maravilhosas como falar dos vinhos e estabelecer uma analogia com as flores, o vento  e o tempo.

Sim, porque no tempo de todos nós, o tempo é que nos leva a mudar nossas posições, crescer, como levados pelo vento, ao sabor da vida e dos acontecimentos.

O vinho é a paixão eterna. Começando pela cor, pelos aromas, pelo sabor, pela complexidade. E tudo o que dá seus frutos, antes é flor. Que desabrocha e carrega através do vento, suas sementes, para propagar a vida na terra, se estabelecer em outros lugares, perpetuar algo em todas as direções.

O vinho é a planta transformada. Não há como não falar do vinhedo, das uvas, do parreiral. Provei tantos vinhos, tantos foram marcantes, outros sumiram nas lembranças, assim como a flor que nasce e morre, dando lugar a outras que virão.

Uma garrafa aberta e consumida, jamais será igual á outra, simplesmente porque o momento de consumo é outro. O clima é outro, as pessoas são outras. Quem tem a memória olfativa sabe perceber, as sutilezas do aroma que marca a memória e as lembranças em nossa mente. É realmente sutil, único e muito particular. Por isso tomo as pontuações dos grandes especialistas, apenas como uma base para errar menos e buscar minhas próprias opiniões, errando por mim mesmo, em meu gosto particular.

Hoje vi esta flor, “Dente de Leão”. Pensei no tempo, no vento, na vida que caminha com o programado, mas também com o imponderável. Para muitos, chamado de sorte, para outros, chamado de oportunidades.

Sinto o vento, percebo o vinho descendo suavemente e marcando minhas lembranças, clareando minha mente pelo momento especial de cada gole.

Não vou falar especificamente de um vinho, mas sim, destacar estas sensações tão únicas que nos fazem ser, indivíduos especiais nesta existência.

O que podemos aprender com os vinhos e sermos melhores

Achei que ia ser um post fácil de ser escrito, me enganei. Não por dificuldades de escrever, muito pelo contrário, as idéias brotaram rapidamente na minha mente. Mas pela abrangência do tema e por tudo que envolve questões de aprendizado, nas suas mais variadas concepções e formas de análise.

Iniciando pelos conhecimentos de história e geografia, passando pela agronomia e química nos processos de produção, teologia e seus momentos de consagração, medicina e benefícios à saúde, e caminhando pela administração, nossa, tantas coisas…

Mas vou me ater neste momento ao lado humano, que se reflete na comunicação e nos processos de socialização que o vinho pode conferir. Sim, não é uma brincadeira, é muito, muitíssimo sério e por vezes até terapêutico.

Aprendi muito nestes anos em contato com os vinhos e pessoas, porque sem elas, os vinhos não existiriam. E é nos momentos de consumo que realmente os vinhos atingem todo o esplendor e se consagram no objetivo maior: Degustar com prazer.

Claro que o aprendizado se dá em todos os segmentos, eu bem sei disso, principalmente nas experiências diárias de vida e trabalho. Mas o vinho é um caminho que alia satisfação e paixão para aqueles que vivem e respiram este néctar fabuloso.

Outro dia mesmo, me peguei olhando unicamente para a cor do vinho na taça. Era límpido, brilhava e a coloração era intensa, viva, inimitável por qualquer palheta de cores, de qualquer cartela, fosse ela de tintas, fosse o que fosse…

A observação me levou á natureza  em toda a sua essência e significados. Lembrei das cores do céu, lembrei do mar, das cores das folhas das árvores em seu verde brilhante e pensei: obras de um Deus! Inimitáveis! E me perguntei se não havia ali, mais do que eu mesmo poderia enxergar…

A essência das coisas só pode ser percebida quando nos permitimos. O aprendizado é a leitura dos traços incorporados em cada um, pela vivência e pela soma de conhecimentos.

Mas há algo que se mostra interessante, que é a questão da comunhão social, ou seja, o vinho consumido em grupo e as experiências que neste instante podem ser trocadas, ou simplesmente o momento que pode ser envolvente e agradável, no ato que se denomina: compartilhar.

Porque nos filmes, novelas e livros, os personagens ditos “elegantes” consomem vinhos? Não há ali, além do glamour e elegância, um conceito de conhecimento de cultura adquirida que se quer passar?

Não se seduz com vinhos? Não se ama com eles? Não se consagra nas religiões? E onde estaria o “mistério” ou o que se pode chamar de “segredo” nos vinhos? Será que não estaria realmente na sua abrangência, no todo e em tudo o que ele pode proporcionar? Acredito que sim.

É claro que quando falamos de pessoas, falamos em opiniões diferentes, falamos até mesmo em conflito, que é o que por vezes se presencia nas relações.

Mas não há como conceber, por exemplo, degustar um vinho em conflito. Porque o vinho requer esta relação saudável da harmonia presente, instaurada.

Falei da questão do consumo em grupo, mas há também o consumo individualizado, introspectivo, que é uma forma de “mergulho” interno, percepções particulares, o encontro com nosso “eu” e que também leva ao aprendizado do que somos.

Mas como podemos ser melhores, simplesmente por gostarmos de vinhos? Pela observação do todo. Sim, porque ao focarmos nas percepções, percebemos as questões sutis e sentimentos que ocasionalmente não seriam percebidos. Levados á reflexão, temos a oportunidade de processar uma mudança interna, mudança de pensamentos e conceitos. Com isso crescemos, amadurecemos e melhoramos nossas relações e entendimento da vida.

Assim, queridos leitores, não deixem de aproveitar o que o vinho tem para proporcionar. Sua intensidade e o momento eternizado.

Saúde e paz!