Florença, vinhos, gastronomia e histórias – Parte I

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Chegada em Florença

Vou iniciar uma série de posts sobre minha viagem a Florença na Itália, relatando um pouco do que foi o encontro de compradores, a feira Buy Wine e contando histórias que vivi nestes dias na Toscana.

Pra começar, desde a chegada e qual era a expectativa que eu tinha sobre os negócios, os vinhos e os produtores.

O voo foi longo e de muita reflexão, afinal sentia uma nova etapa que se iniciava, e o retorno á Itália me trazia lembranças vividas em Florença, no ano de 2002. Estava atento aos sinais da viagem. Oportunidades, vivência, aproximações, novas amizades.

Logo que sentei fui abordado e perguntado se poderia mudar de lugar. Logo me prontifiquei, sem, no entanto, avaliar minha decisão:

Sentei-me ao lado de uma moça com uma criança de um ano no colo.

Não preciso dizer o que se sucedeu depois, cada um pode avaliar. Mas o sorriso da criança e a dedicação da mãe, uma brasileira nascida em Curitiba e casada com um espanhol, me fizeram refletir mais ainda sobre todas as coisas da vida. E eu afirmei em pensamento: Estou fazendo o que meu pai teria feito…

No serviço de bordo da Air France a grata surpresa de poder escolher entre um vinho tinto, o La Vieille Ferme Rouge (já conhecido) e um branco chardonnay, ambos franceses e em garrafa de plástico de 187 ml. Escolhi o branco.

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Fiz uma pequena escala em Paris, no aeroporto Charles de Gaulle, onde aguardei por mais uma hora e meia a saída, entre caminhadas imensas nos terminais.

De cara um fato inusitado e estranho, quase hilário. Fui ao banheiro no aeroporto e sem mais nem menos uma mulher da limpeza entrou e como se não houvesse ninguém, lá permaneceu entre homens que faziam suas necessidades encabulados. Fiquei sem entender, embora meus olhos pequenos tivessem ficado arregalados. Coisa comum nos dias de hoje? Quem sabe…

Bem, parti para Florença onde fui recepcionado pela organização do evento, já no aeroporto. Lista de convidados compradores, direcionados em grupos para os hotéis determinados. Tudo bem organizado, show!

O meu hotel foi o Adler Cavaliere, localizado próximo á estação de trem e com acesso fácil a qualquer lugar.

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Rio Arno – Firtenze

Após deixar as bagagens, resolvi caminhar pela vizinhança, mesmo cansado, junto com minha amiga e concorrente de trabalho, Jô Barros, outra brasileira presente no grupo de compradores internacionais, grata coincidência!

Nesta caminhada fomos levados a Ponte Vecchio, primeira ponte construída durante a época romana, cartão postal de Florença e bem próxima de onde estávamos hospedados. Algumas fotos pelo caminho e claro, logo veio a vontade de tomar uma taça de vinho e comer um panini original.

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Jô provando o vinho da casa em copo de vidro

Paramos em um local próximo, escolhemos na “vitrine” e sentamos. Tomamos o vinho em copo de vidro, vinho tinto da casa e provamos o panini trazido por um senhor que em minha mente chamava-se Alfredo.

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Alfredo!

Mais uma caminhada já retornando ao hotel, paramos para um gellato. Bem, mas não sem antes comprarmos uma barra de chocolate suíço na linda e maravilhosa loja da Lindt, ao lado do Duomo, uma perdição!

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Sem comentários

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Basilica Santa Maria del Fiore – Duomo

Tinha que me preparar, pois haveria um ponto de encontro no hotel que levaria á todos, ainda naquela noite para a apresentação e recepção da Buy Wine.

Fui tomar banho…

World Wine Experience, um mundo de vinhos e sensações!

Na segunda feira (16/04) estive na Casa Fasano, á convite da World Wine, para o seu tão esperado evento do ano, em um mês que tivemos muitas novidades e muitos, mas muitos vinhos de qualidade.

Começando pela organização do espaço, que foi impecável, e caminhando para o salão de degustação, tudo, mas absolutamente tudo estava em ordem. Na sala contígua, petiscos variados, queijos e frios, entre outros, contrabalaçavam os vinhos em cada momento.

Evento bem organizado, espaço aconchegante, lugar elegante e principalmente, conforto para se degustar tranquilo.

Os vinhos, de variedades imensas, muitos produtores, muitos nomes (e não só nomes), mas excelentes vinhos para todo tipo de paladar.

Comecei pelos espumantes e fui aos poucos descendo pelos brancos e roses, até chegar nos tintos , tintos mais encorpados, e por último os de sobremesa e vinhos do Porto.

Mas vamos falar dos vinhos.

Billecart-Salmon, empresa produtora de Champagne, com vários prêmios internacionais, que nasceu em 1818 e que já está em sua 7ª geração no comando dos negócios e dos vinhedos.

Provei dois tipos diferentes:

– Billecart-Salmon Brut Reserve, que levou 89 pontos do Parker e 91 da Wine Spectator.

– Billecart-Salmon Brut Rose, que levou os mesmos 89 pontos do Parker e 90 pontos da Wine Spectator.

Aproveitei e provei o Chateau Roubine Cru Classe Rosé, que me agradou muito. Leve, aromático, proveniente da cidade de Lorgues. Um vinho inesquecível ao meu paladar.

Provei na mesma mesa o Franciacorta DOCG Cuvée Brut, do produtor Bellavista, um vinho que é considerado pelos especialistas, como um verdadeiro champagne italiano. Muito elegante, fresco e aromático. Recebeu nada mais, nada menos do que 91 pontos do Parker.

Da Alemanha, impossível não mecionar todos os vinhos deste produtor, Weingut Clemens Busch. Produtor que adota práticas orgânicas a mais de 20 anos, e que nos últimos anos adotou a biodinâmica como prática na condução do plantio e dos vinhedos.

Os vinhos são muito complexos e com grande presença mineral, que expressam o terroir.

Provei quatro vinhos:

-Riesling “Vom Rotem Schiefer” 2006

-Riesling “Rothenpfad” Spätlese 2006

-Riesling “Vom Roten Schiefer” Auslese 2006, de sobemesa

-Riesling “Falkenlay” Auslese 2006, de sobremesa

A empresa está na quinta geração e é um dos produtores de maior ascenção no Rheingau.

Todos os vinhos maravilhosos e imperdíveis.

Da Itália destaco dois produtores, o Feudi di San Gregório, da Campania, e o Castelo Banfi, da Toscana, este último, do qual sou fã incondicional.

Feudi di San Gregório:

Provei cinco vinhos, destaque para os Falanghina e Aglianico Rosado

Castelo Banfi

Provei quatro vinhos, dos sete vinhos presentes para degustação, são eles:

– Rosso di Montalcino DOC 2009

– Brunello di Montalcino DOCG 2006

– Excelsus Sant`Antimo DOC 2007

– Florus  Moscadello di Montalcino DOC 2007 (500ml), de sobremesa

Todos os vinhos pontuados  e maravilhosos.

A lista seria interminável, bem como o evento foi imperdível. Mas no ano que vem tem mais.

Wine Lovers apresenta d`Alessandro, produtor de expressão da Sicília

Estas últimas duas semanas foram bem corridas e agitadas. O mês de abril tem tido uma sequência grande de degustações e eventos, e para os próximos dez dias não será diferente

Na terça feira, (09/04) a Wine Lovers promoveu encontro com o produtor dos vinhos Giacomo d`Alessandro no Inomminato Osteria. Presentes pessoas ligadas ao mundo dos vinhos, jornalistas, blogueiros e representantes de entidades ligadas ao mundo dos vinhos.

Giacomo d’Alessandro é o fundador e proprietário da d`Alessandro Winery, localizada perto de Agrigento, na Sicília. Apesar das terras, da vinícola e dos vinhedos estarem na família desde 1820, só em 2006 é que Giacomo abriu a sua adega familiar.

Seu mais recente empreendimento empresarial é d’Alessandro Vinhos, uma adega tecnologicamente avançada, que mescla a história da família e da ligação à terra com modernas práticas ecológicas ao fazer vinhos de uvas autóctones da Sicília.

Giacomo vive em Roma, mas viaja frequentemente para a casa da família em Agrigento para supervisionar o desenvolvimento e expansão da vinícola. Quando não está na Sicília ou em Roma, Giacomo pode ser encontrado viajando pelo mundo promovendo Vinhos D’Alessandro., como neste caso, no Brasil, junto a Wine Lovers.

Foram apresentados e degustados cinco vinhos, sendo três brancos e dois tintos, que seguiram harmonizados com cada prato, reforçando a identidade de cada um e valorizando suas características.

A D`Alessandro é a única vinícola em Agrigento, sendo suas terras voltadas  para o mar.

Trabalha exclusivamente com uvas indígenas e usa muito pouco, barricas de carvalho. Na verdade, só as usa no vinho Nero d’Avola Syrah, que na primeira safra já ganhou vários prêmios, buscando  com isso toda a expressão da fruta, e obtendo resultados.

Abaixo os vinhos degustados na noite:

– d´Alessandro Inzolia Sicilia 2010: Uva 100% Inzolia, com teor alcoólico de 12%. Muito fresco e mineral, não é barricado, possui boa acidez e leveza. Bom para acompanhar peixes, grelhados e sushis. Faixa de preço R$ 39,00.

– d´Alessandro Catarratto Sicilia 2010: Uva 100% Catarrato, com teor alcoólico de 13%. Médio corpo, sem barrica. Mais complexo que o anterior. Faixa de preço R$ 69,00.

– d´Alessandro Grillo Sicilia 2010: Uva 100% Grillo, com teor alcoólico de 13%. Aromas de defumado, tabaco, mineralidade, mesmo sem ter barrica. Harmoniza muito bem com peixes e mariscos. Faixa de preço R$ 69,00.

– d´Alessandro Nero D´Avola Sicilia 2009: Uva 100% Nero D`Avola. Teor alcoólico de 13%. Não é filtrado, bons aromas e boa complexidade. Na boca ameixa preta, uva passa e “doçura”. Não passa por madeira. Faixa de preço R$ 39,00.

 

– d´Alessandro Nero D´Avola Syrah Sicilia 2008: Uvas 35% Syrah e 65% Nero D`Avola. Com teor alcoólico de 14%. Vinho que passa 6 meses em barricas de carvalho francesas. Aromas de mato cortado, na boca grande complexidade e sensação de uvas passas. Na faixa de R$ 75,00.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Chianti bem feito e como deve ser feito: Badia a Coltibuono

A Mistral mais uma vez brindou nosso paladar oferecendo degustação do produtor Badia a Coltbuono no Cantaloup, nesta terça feira última, 26/07.

Além de um passeio virtual pelas terras da região, conduzido pelas palavras de Emanuela Stucchi Prinetti, proprietária, pudemos provar alguns vinhos muito bem elaborados e com a característica clássica, que torna o Chianti, um dos mais elegantes e refinados da Itália.

A propriedade foi fundada em 1051 e adquirida em 1846 pela família. De lá para cá, os vinhos vêm sendo elaborados buscando sempre extrair o melhor, em cada safra e em cada exemplar. Infelizmente, só há amostras á partir do ano de 1947, em função da guerra, onde os vinhos foram “tomados” pelos alemães.

A família

Mesmo assim, consegue-se perceber a evolução do vinho e das formas como são elaborados.

Hoje, com toda a experiência de Emanuela e sua família, se consegue encontrar um equilíbrio entre o passado, o presente e uma visão de futuro muito focada.

Os vinhos começaram a ser produzidos de forma orgânica, á partir do ano 2000. Seus Chiantis Clássicos são envelhecidos em grandes tonéis de madeira, o que confere a característica própria e particular.

O que pode realmente ser ressaltado, é a qualidade dos seus vinhos, a elegância e até mesmo a leveza. Vinhos gastronômicos, muito fáceis de beber.

As uvas são pré-selecionadas manualmente e toda a produção é altamente controlada.

Os vinhos

Abaixo os vinhos que foram degustados:

– Sangiovese Cancelli 2009: 70% Sangiovese e 30% Syrah. Um vinho de excelente custo X benefício (na faixa de R$ 49,50). Leve nos aromas e no paladar. Ideal para uma pizza. Boa acidez e um pequeno aroma de “couro”. 12,5% de álcool.

– Chianti Cetamura 2009: 90% Sangiovese e 10% Canaiolo. Mais complexo que o vinho anterior, com um leve aroma “doce”. Preço aproximado R$ 58,50. Elaborado com uvas de diversas regiões de Chianti. 12,5% de álcool.

– Chianti Classico Badia a Coltibuono 2008: 90% Sangiovese e 10% Canaiolo. Um vinho ícone da região. Agricultura biológica (orgânica), aroma leve de uva passa (adocicado), elegante, bom equilíbrio na fruta e nos aromas, 14% de álcool, e segundo as palavras da Emanuela: “Tipicamente clássico”. Faixa de preço: R$ 91,00.

– Chianti Classico Riserva 2006: 100% Sangiovese. Na minha opinião, o melhor vinho degustado, talvez por ser feito exclusivamente de Sangiovese, uma das minhas uvas preferidas. Permanece dois anos em tonéis de carvalho austríaco o que confere grande complexidade. Equilibrado, grande persistência e acidez, aromas finos e delicados. Na boca um vinho “vivo” e elegante. Faixa de preço: R$ 143,00. Graduação alcoólica de 14,5% nada percebida.

– Vin Santo 2004: Elaborado com 50% de uvas Trebbiano e 50% de Malvasia. Um vinho “passificado” como é a sua característica. Com 16,5% de teor alcoólico. Sofisticado, não tão doce como alguns que se encontra no mercado. Recomenda-se a harmonização com doces com menor grau de doçura, para não sacrificar seus aromas e o paladar. Faixa de preço: R$ 159,00.

 Link do produtor: http://www.coltibuono.com/