Chegou o Beaujolais-Villages Nouveau 2023 da Mistral

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Da Maison Joseph Drouhin este tinto é uma das maiores estrelas da Borgonha

Todos os anos, o lançamento do Beaujolais Nouveau é comemorado com uma grande festa mundo afora, por representar o primeiro vinho da colheita do ano no hemisfério norte.

O Beaujolais-Villages Nouveau é uma versão mais nobre do Beaujolais Nouveau “comum”, já que é elaborado com uvas Gamay de vinhedos de melhor qualidade, classificados como “Villages”, plantados perto dos famosos “Crus” de Beaujolais.

É um tinto vivaz e descontraído, leve e frutado, com notas de frutas maduras como framboesa e groselha. Tem leve picância e concentração de taninos sedosos, refrescante e com ótima acidez, características obtidas especialmente pelo plantio das videiras em colinas, na parte mais alta e com inclinação e solo ideias para a maturação. O solo calcário e granito rosa predominam da região.

O melhor no momento do consumo é servi-lo ligeiramente refrescado, podendo ser tomado sozinho em momentos de introspecção com uma música e nada mais, ou harmonizado com embutidos, queijos e pratos com aves e peixes, em momentos de encontros entre amigos.

Um vinho que passa apenas em cubas de aço inox e maceração de 4 a 10 dias e já é enviado ao mercado com menos de dois meses da colheita.

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No meu caso aproveitei a ocasião para harmonizar com um delicioso pão de calabresa com queijo parmesão que fiz especialmente para “escoltar” o vinho.

As características do vinho se uniram muito bem ao leve toque apimentado e ao toque gorduroso da calabresa do pão, tornando a experiência prazerosa e completa.

A receita leva um toque de pimenta dedo de moça e vinagre na massa. Um diferencial!

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RECEITA PÃO DE CALABRESA

Ingredientes massa:

450g de farinha de trigo (400g para a massa e 50g para abrir a massa)

1 pacote de 10g de fermento seco

1 copo grande de água morna

2 colheres de vinagre de maça ou de vinho

1 pitada de sal

Ingredientes recheio:

3 linguiças calabresas fatiadas bem fino

150g de parmesão ralado

1/6 de pimenta dedo de moça (pequena) picada (se desejar pimenta)

Modo de fazer:

Misture todos os ingredientes secos da massa e adicione aos poucos a água e o vinagre. Amasse até obter uma consistência média homogênea de forma que desgrude do fundo da vasilha. Se necessitar adicione mais água morna e amasse mais pois a massa não pode nem ficar dura e nem muito mole.

Faça uma bola com a massa e reserve coberta com um pano por 1 horara.

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Abra a massa bem fina com um rolo enfarinhando o local. Use os 50g de farinha reservados para isso. Coloque as fatias de calabresa, preenchendo os espaços. Jogue o parmesão ralado e a pimenta por cima. Se desejar regue com um fio de azeite.

Pré aqueça seu forno.

Enrole o pão e faça o formato que desejar. Unte a forma que vai assar e pincele com uma gema de ovo dissolvida com uma colher de chá de água.

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Leve ao forno á 180 graus por até uma hora (Observe se fica dourado na parte de cima).

Sobre o produtor

Domaine Joseph Drouhin é um nome conhecido na Borgonha desde 1880.

Atualmente é um dos maiores produtores da região. Conhecido e reconhecido mundialmente, tanto pelos seus vinhos de entrada e intermediários, como pelos vinhos mais elaborados e de guarda, é gerenciado pelos quatro bisnetos do fundador, que adquiriram a cultura do vinho, ao lado do pai, Robert Drouhin, se perpetuando ao longo dos anos pela tradição e inovação.

Preço sugerido R$ 169,00

Onde encontrar:

https://www.mistral.com.br/p/vinho/beaujolais-villages-nouveau-2023-joseph-drouhin

 

 

Miolo Wild Trebbiano 2023 nasce com DNA italiano

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Uva italiana cultivada em “vinhas velhas” amplia a linha de baixa intervenção sendo o primeiro branco da Miolo com SO² free e leveduras indígenas

Já tem um tempinho que estou para escrever sobre este belíssimo vinho que me encantou tremendamente, o Miolo Wild Trebbiano.

Da Safra 2023, o vinho aporta muito mais do que aromas e sabores, ele resgata a importância histórica da casta italiana no Brasil, em um vinhedo de 45 anos, tendo sido plantado em 1978, na propriedade da Vinícola Almadén, em Santana do Livramento, na Campanha Central.

Foi de lá, deste “vinhas velhas” com 15,83 hectares, que foram colhidas e selecionadas manualmente as uvas que originaram as 12.827 garrafas elaboradas a partir de fermentação espontânea com leveduras selvagens, sem a adição de sulfitos (SO²) e com o Selo The Vegan Society, como 100% vegano.

Foram 4 anos de testes e estudos, compreendendo o terroir, o desempenho da variedade e as etapas do processo de elaboração. Para o diretor superintendente Adriano Miolo, lançar este vinho é resgatar um pouco da história da uva no Brasil.

O rótulo traz as cores da bandeira da Itália e a seguinte frase: ‘Trebbiano è una dele prime varietà che gli immigranti italiani hanno portato al brasile’, que significa “Trebbiano é uma das primeiras variedades que os imigrantes italianos trouxeram para o Brasil”.

Mais sobre a vinificação

O vinho se diferencia devido ao seu processo de elaboração. A vinificação começa com a seleção e desengace total dos cachos, sem esmagamento. Após, ocorre a maceração pelicular a frio por 48 horas, em tanques severamente inertizados. A prensagem é rápida e em ambiente inerte, em prensa pneumática. A clarificação estática do mosto flor acontece a frio e a fermentação alcoólica se dá a 14°C em tanque de inox com leveduras indígenas. Depois da fermentação malolática de forma espontânea, é feita a filtração e estabilizações tartárica e protéica, sem a adição de sulfitos.

Mais sobre o vinho

Voltado a um consumidor jovem, que busca um vinho descomplicado, leve, frutado, democrático, ou seja, fácil de beber, o Miolo Wild Trebbiano é um vinho límpido com tonalidade amarelo claro e traços esverdeados. Apresenta fineza aromática com boa complexidade e grande intensidade, destacando descritores como flores brancas, ameixa amarela e um toque mineral. No paladar, é um vinho com acidez refrescante, tem volume de boca e é muito agradável. Ideal ser degustado com temperatura entre 8°C e 10°C. Uma boa dica de harmonização é servi-lo com peixes, pizzas, canapés de molhos coloridos, queijos de massa dura e mole, amigos e uma boa conversa.

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No meu caso, preparei especialmente para harmonização um risoto Napolitano, que leva muçarela de búfala, tomates, manjericão e camarões, acompanhado de um filet de Saint Peter frito. A harmonização ficou excepcional, ressaltando sabores tanto no vinho como na comida. Ficou delicioso!

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Um pouco de história

Os primeiros registros da Trebbiano no Brasil são de 1886, trazida pelo imigrante da Toscana, Antonio Pieruccini, para o Campo dos Bugres, hoje Caxias do Sul. Somente 92 anos mais tarde é que a casta ganhou os campos da Campanha Gaúcha, recebendo investimento da Almadén. E desde então, o vinhedo sempre foi mantido na propriedade. Com a idade de 45 anos, este ‘vinhas velhas’ já faz parte da história da vitivinicultura brasileira, resgatando um fazer antigo dos grandes brancos de outrora. Para a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), para um vinhedo ser considerado vinhas velhas é preciso ter mais de 35 anos, além de 85% de sua área original.

Preço sugerido R$ 92,65

Você encontra este vinho no site da Miolo:

https://loja.miolo.com.br/miolo-wild-trebbiano

 

Vinícola Góes, seu vinho “Concreto” e uma harmonização única

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O vinho foi vinificado em tanques de cimento com as uvas Cabernet Franc e Syrah

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Góes Concreto da Vinícola Góes já está no mercado tem um tempinho. São várias conquistas nacionais e internacionais da empresa – com seus vinhos feitos com uvas provenientes da colheita no sistema de dupla poda – a vinícola comercializa o primeiro vinho de corte (blend/assemblage) feito em São Roque (SP).

O Góes Concreto 2022 é um vinho autêntico, um rótulo que veio para somar á ampla gama de produtos da vinícola e para se tornar mais um resultado de todo o investimento e dedicação da empresa, que vem se destacando seguidamente como importante empresa no cenário nacional e na elaboração dos vinhos finos no sudeste.

As uvas Cabernet Franc e Syrah foram colhidas no inverno de 2022 e vinificadas em tanques de cimento, com o formato de ovos gigantes (ou eggs). O diferencial nesse sistema de vinificação é, obviamente, o formato do tanque sem cantos ou bordas, que permite que o vinho fique em constante movimentação sem ajuda mecânica ou elétrica e com mínimo contato com o oxigênio. Outra vantagem adicional é a manutenção da baixa temperatura, que é uma característica favorecida pelo cimento especial utilizado na fabricação da peça.

Dentro do ovo, as leveduras ficam em constante movimento ascendente ao redor de um vórtice que se forma devido a uma corrente interna, fazendo com que os taninos se tornem mais polidos e sejam suavizados pelas porosas paredes de concreto, que permitem a micro oxigenação, sem a necessidade de utilizar barricas de carvalho e sem interferência nos aromas e sabores. Tudo isso realça o caráter das uvas, aumenta a exclusividade do vinho e destaca as características do terroir de São Roque.

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Provei o Góes Concreto 2022

O vinho foi elaborado com 63% de Cabernet Franc e 37% de Syrah, ambas cultivadas em solo paulista. A cor é um rubi intenso, com aromas de frutas vermelhas como cereja e ameixa. No paladar apresenta  taninos maduros e macios, médio corpo e boa acidez e estrutura. Para harmonização fiz um prato tradicional italiano, uma polenta mole, mas no molho busquei mais intensidade de sabores colocando bacon, tomates, um pouquinho de alcatra picada, cebolinha, alcaparras e claro, um dedo da minha taça do vinho Concreto. Aliei a doçura do tomate com a força gustativa dos outros ingredientes. E não parei por ai, coloquei um fio de azeite trufado! Nossa, a harmonização ficou perfeita! Quero mais!

Como é um vinho “coringa” na harmonização, com o equilíbrio das duas uvas e com o paladar frutado e vivaz a harmonização fica fácil, e nos sons das músicas de Bach, uni universos poéticos na harmonia pouco pensada de um compositor clássico, um prato italiano, castas francesas e a modernidade vivente no vinho! Uma experiência única, eu garanto!

A temperatura ideal de serviço é entre 16º e 18º graus.

Tem teor alcoólico de 12,9 % e é um vinho de edição limitada, com produção de 3.000 mil garrafas.

O rótulo pode ser adquirido na loja sede da empresa em São Roque, no e-commerce (https://loja.vinicolagoes.com.br) e nos principais distribuidores.

Preço sugerido: R$ 113,00.

Colheita de Inverno 2023

A Vinícola Góes foi pioneira da cidade (e uma das primeiras da região Sudeste) na aplicação da dupla poda. Hoje ela comprova sua expertise com cerca de 30 hectares destinados ao plantio de uvas. A perspectiva é aumentar a área para as próximas safras, buscando assim desenvolver outras variedades viníferas que virão enriquecer a gama de vinhos finos da empresa.

Além dos 30 hectares em produção a vinícola dispõe de cerca de cinco hectares onde realiza os testes das outras castas, descobrindo a cada ano novidades que se adaptam bem ao terroir da região. Para a safra de 2023 a empresa prevê a colheita de 80 toneladas de uvas, com expectativa de produção de cerca de 40 mil garrafas.

Sobre a empresa:

A Vitivinícola Góes é uma empresa 100% brasileira, com sede na cidade de São Roque, estado de São Paulo, Brasil. A empresa possui vinhedos próprios, modernas instalações de processamento, produção, engarrafamento de bebidas e envase para latas. A linha de produtos inclui vinhos, espumantes, frisantes, bebidas mistas e sucos. Os vinhos finos Góes, produzidos com uvas paulistas, vêm sendo premiados nacional e internacionalmente. A marca Góes é destaque entre consumidores e uma das líderes de mercado no varejo (de acordo com a Nielsen) e Top of Mind (registrado pela Revista Supermercado Moderno) no estado de São Paulo. O complexo enoturístico e gastronômico (localizado junto da sede da empresa) faz parte do Roteiro do Vinho da cidade de São Roque e oferece uma destacada infraestrutura, proporcionando experiências e encantamento.

 

Importadora Decanter e as “estrelas” do seu portfólio

Logo Decanter Wine DayDestaques em degustação realizada em seu Wine Day

Em meio a tintos, brancos, rosés e espumantes de mais de 60 produtores de diversos países, participei do Decanter Wine Day que este ano foi excepcional!

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Na oportunidade estiveram disponíveis cerca de 200 rótulos selecionados por Adolar Hermann, fundador da Decanter, e a equipe da importadora, que conta com o head sommelier Tiago Locatelli.

Presentes algumas das principais vinícolas, enólogos e representantes como: Albino Armani, Alta-Yarí, Arzuaga, Bemberg, Bouza, Colomé, El Principal, Falua, Gonzalo Guzmán, Hermann, Luigi Bosca, Paul Mas, Familia Schroeder, Sutil, TerraNoble, Vieira de Sousa e Villard.

Nos meus destaques alguns vinhos que comumente não se dá a atenção devida e são especialíssimos ou são lançamentos:

– Alta-Yarí Gran Torrontés 2020: Um excepcional vinho branco de Mendoza, Argentina com enorme complexidade em boca e 13,4 % de teor alcoólico. No nariz é contido quando se compara aos vinhos com a mesma uva, o que me agradou enormemente já que o floral da torrontés por vezes costuma me incomodar quando muito intenso.

Um vinho diferenciado por suas nuances em boca que lembram pêssego, lichia, limão e baunilha. A acidez se faz bem presente bem como o corpo cremoso e convidativo.

34% do vinho estagia por 6 meses em carvalho e o restante dos 66% em inox. Um vinho para harmonizar com ceviche, peixes brancos com molho de maracujá ou pratos com frutos do mar que levem curry. Preço sugerido de R$ 227,00.

Abaixo 3 vinhos da França e a descrição do meu preferido:

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– Château Dauzac Bordeaux Comte de Dauzac 2020: Da região de Bordeaux, este vinho dos 3 apresentados foi o que mais gostei. Corte das uvas 60% Cabernet Sauvignon e 40% Merlot, tem passagem de 9 meses em barricas e grandes tonéis de carvalho e 14,5% de álcool. Macio, integrado, aveludado e intenso. No nariz frutas negras,frescas e maduras.

– Château Dauzac Haut-Médoc Comte de Dauzac 2020: Corte de 69% Cabernet Sauvignon e 31% Merlot.

– Château Dauzac Margaux Comte de Dauzac 2020: Corte de 65% Cabernet Sauvignon e 35% Merlot.

Um vinho branco francês (Destaque entre 2 tintos do mesmo produtor):

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– Domaine de Suremain Mercurey 1er Cru en Sazenay Branco 2020: Meu destaque, esse especialíssimo vinho branco da Borgonha, uva Chardonnay 100%. Intenso no nariz com notas cítricas. Em boca um misto de frutas como maça, pêssego e pêra. Um sabor inigualável e divino que poucas vezes senti em um único vinho. Final longo e persistente. Passa 12 meses em toneis de carvalho francês.

– Domaine de Suremain Mercurey Tinto 2021: Pinot Noir da Borgonhacom 14 meses de barrica.

– Domaine de Suremain Mercurey 1er Cru en Sazenay Tinto 2020: Pinot Noir da Borgonha com 21 meses de barrica.

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A qualidade dos vinhos chilenos é meu destaque com o produtor Terranoble.

Com propriedades em regiões chilenas como Colchagua, Maule e Casablanca, este produtor apresentou 2 vinhos que para mim foram destaque:

– Terranoble Syrah Tempranillo Disidente 2018: De Casablanca, este vinho é composto de 74% Syrah e 26% Tempranillo. 14 meses para a Syrah em foudres e Tempranillo em ânforas. Coloração violeta vibrante e viva, um leve defumado no nariz, um conjunto de especiarias, azeitonas e frutas vermelhas, trazem uma intensidade única e vibrante. Em boca é elegante, muito fresco e com um final longo e persistente. 14% de teor alcoólico. Faixa de preço R$ 300,00.

– Terranoble Carignan Mouvédre Garnacha Disidente 2020: Do Maule, este vinho é composto de 56% Carignan, 28% Mouvédre e 16% Garnacha. Passagem de 15 meses em foudres de carvalho e tinajas. Coloração rubi com tons violáceos. No nariz uma explosão de frutas como cerejas, framboesas e toques minerais. Em boca mostra toda a fruta, volume e intensidade. Teor alcoólico de 13,7%. Faixa de preço R$ 300,00.

Não posso terminar sem citar os vinhos pra lá de especiais do Gonzalo Guzmán também do Chile, os Arzuaga Navarro e Família Luis Canãs da Espanha, um show!

Sobre a Decanter

Fundada em 1997, em Blumenau, por dois apaixonados por vinhos (Adolar e Edson Hermann, pai e filho), a importadora Decanter rapidamente se destacou como uma das principais referências para quem aprecia rótulos de qualidade. Oferece vinhos que são verdadeiros achados, em um catálogo com cerca de 80 produtores e 15 países, sob a curadoria de Adolar e Edson ao lado do sommelier Tiago Locatelli.