Em 02/10 o evento promete “agitar” o mundo dos vinhos.
Evento destinado á profissionais do setor
Imperdível!
Saiba mais acessando o link da imagem:
Não escrevi antes porque fiquei pensando como descrever o que tenho na mente, sobre o sabor e os aromas dos vinhos da Borgonha.
O Seminário foi muito bem apresentado, organizado e produtivo.
Contou com a tradução da Alexandra Corvo, e com um público focado e interessado.
Provamos oito vinhos, cuja lista segue abaixo.
– Bourgogne Blanc, Cevée des Forgets, 2010, Domaine Patrick JAVILLIER: Vinho branco. Muito mineral, porém com aromas contidos. Muita acidez, média persistência, na boca limão. Não permite envelhecimento, bom para consumo rápido.
– Bourgogne Hautes Cotes de Nuits, 2010, Domaine Philippe GAVIGNET: Vinho tinto. Aromas de groselha e leve herbáceo. Na boca sensação de leve adocicado, alta acidez e cassis. Um vinho ainda jovem. Depois de um tempo na taça, revelou-se mais complexo e completo.
– Pouilly-Fuisse, 2009, Domaine Pascal ROLLET: Vinho branco. Aromas de defumado, a fruta apareceu pouco. Na boca, a mesma sensação de defumado, boa acidez, glicerol abundante e bem perceptível.
– MERCUREY, 2009, Domaine du Château de CHAMIREY: Vinho tinto, frutas nos aromas. Na boca as frutas são menos presentes. Maior “rugosidade”, característica mais tânica, alta acidez.
– MEURSAULT 1er Cru, Genevrières, 2009, Domaine LATOUR GIRAUD: Vinho branco, grande complexidade aromática. Na boca é untuoso, elegante. Um vinho barricado.
– GEVREY-CHAMBERTIN 1er Cru, Cherbaudes, 2008, Domaine des BEAUMONT: Vinho tinto. Aromas de cereja, grande complexidade aromática. Cor rubi com notas de envelhecimento. Grande acidez.
– CHABLIS GRAND CRU, Valmur, 2009, Domaine Christian MOREAU: Vinho branco. Bem aromático. Na boca, menos complexo, mas com expressão da fruta, como limão, pera e abacaxi.
– CORTON GRAND CRU, Le Rognet et Corton, 2008, Domaine Michel MALLARD & Fils: Vinho tinto. Muito complexo nos aromas, intenso, harmonioso, grande sensação de herbáceo.
Fizemos uma viagem pela região, ressaltada por suas características de “Terroir” e aquilo que ouvimos ser os “Climats”, ou seja, a parte dividida, a parcela única de terra que reflete o conjunto do “Teroir”.
Seria a parcela de terreno, em toda as suas características e particularidades, de forma catalogada, bem definida e própria. Estes “Climats”, transformaram a região da Borgonha, em um mosaico a céu aberto, onde cada parcela reflete a característica própria, única e especial dos vinhos de lá provenientes.
Os vinhos da Borgonha refletem uma história, construída ao longo de 2000 anos, de riquezas, tradições eaprendizado, conquistas e excelência.
Hoje, a maior produção de vinhos da Borgonha, é de vinhos brancos, da uva Chardonnay (61%), depois vêm os tintos da uva Pinot Noir (30%) e os Crémants da Borgonha (8%) e 1% de roses.
Após o seminário, seguimos para a sala de degustação. Onde tivemos contato com os produtores, uma vasta gama de vinhos, interessantíssimos e únicos.
Destaco o produtor Château Villars Fontaine – Domaine de Montmain, representado pela figura cativante de seu proprietário.
Provei todos os vinhos deste produtor e gostei de todos. Destaco o Hautes Côtes de Nuits “Clos du Château” Grand Tradition. Um vinho branco muito complexo e completo. Grande corpo para um branco, muitos aromas, grande acidez, safra 2005
Não há como não gostar dos vinhos da Borgonha. Eles refletem realmente seu produtor, a características das principais uvas (Chardonnay e Pinot Noir), em um conjunto que reúne aromas sutis, alta acidez, leveza no corpo e frescor. Se é que seja possível definir o conjunto dos vinhos da Borgonha e particularidades, como um todo.
Na segunda feira (16/04) estive na Casa Fasano, á convite da World Wine, para o seu tão esperado evento do ano, em um mês que tivemos muitas novidades e muitos, mas muitos vinhos de qualidade.
Começando pela organização do espaço, que foi impecável, e caminhando para o salão de degustação, tudo, mas absolutamente tudo estava em ordem. Na sala contígua, petiscos variados, queijos e frios, entre outros, contrabalaçavam os vinhos em cada momento.
Evento bem organizado, espaço aconchegante, lugar elegante e principalmente, conforto para se degustar tranquilo.
Os vinhos, de variedades imensas, muitos produtores, muitos nomes (e não só nomes), mas excelentes vinhos para todo tipo de paladar.
Comecei pelos espumantes e fui aos poucos descendo pelos brancos e roses, até chegar nos tintos , tintos mais encorpados, e por último os de sobremesa e vinhos do Porto.
Mas vamos falar dos vinhos.
Billecart-Salmon, empresa produtora de Champagne, com vários prêmios internacionais, que nasceu em 1818 e que já está em sua 7ª geração no comando dos negócios e dos vinhedos.
Provei dois tipos diferentes:
– Billecart-Salmon Brut Reserve, que levou 89 pontos do Parker e 91 da Wine Spectator.
– Billecart-Salmon Brut Rose, que levou os mesmos 89 pontos do Parker e 90 pontos da Wine Spectator.
Aproveitei e provei o Chateau Roubine Cru Classe Rosé, que me agradou muito. Leve, aromático, proveniente da cidade de Lorgues. Um vinho inesquecível ao meu paladar.
Provei na mesma mesa o Franciacorta DOCG Cuvée Brut, do produtor Bellavista, um vinho que é considerado pelos especialistas, como um verdadeiro champagne italiano. Muito elegante, fresco e aromático. Recebeu nada mais, nada menos do que 91 pontos do Parker.
Da Alemanha, impossível não mecionar todos os vinhos deste produtor, Weingut Clemens Busch. Produtor que adota práticas orgânicas a mais de 20 anos, e que nos últimos anos adotou a biodinâmica como prática na condução do plantio e dos vinhedos.
Os vinhos são muito complexos e com grande presença mineral, que expressam o terroir.
Provei quatro vinhos:
-Riesling “Vom Rotem Schiefer” 2006
-Riesling “Rothenpfad” Spätlese 2006
-Riesling “Vom Roten Schiefer” Auslese 2006, de sobemesa
-Riesling “Falkenlay” Auslese 2006, de sobremesa
A empresa está na quinta geração e é um dos produtores de maior ascenção no Rheingau.
Todos os vinhos maravilhosos e imperdíveis.
Da Itália destaco dois produtores, o Feudi di San Gregório, da Campania, e o Castelo Banfi, da Toscana, este último, do qual sou fã incondicional.
Feudi di San Gregório:
Provei cinco vinhos, destaque para os Falanghina e Aglianico Rosado
Castelo Banfi
Provei quatro vinhos, dos sete vinhos presentes para degustação, são eles:
– Rosso di Montalcino DOC 2009
– Brunello di Montalcino DOCG 2006
– Excelsus Sant`Antimo DOC 2007
– Florus Moscadello di Montalcino DOC 2007 (500ml), de sobremesa
Todos os vinhos pontuados e maravilhosos.
A lista seria interminável, bem como o evento foi imperdível. Mas no ano que vem tem mais.
O empresário chinês chegou à França e almeja os melhores châteaux da região. No Ano do Dragão os vinhos de Bordeaux ainda serão os mesmos?
Por Vinho dos Anjos
Os vinhos franceses são afamados por carregar a sutileza, o detalhe e a harmonia em sua elaboração. Cada safra é cuidadosamente medida, no tempo, nas chuvas e precipitações, no sol e no amadurecimento das uvas.
Séculos de tradições familiares, passadas de pai para filho, refletem uma organização linear, algo matemático e preciso, admirado em todo o mundo em se tratando de vinhos franceses. O clima é incontrolável, tudo bem. Tanto é que o enólogo, mesmo com todas as “correções” possíveis após a colheita, já sabe que a chuva “fora de hora” ou a chuva esperada que não veio, colocará o seu vinho numa escala maior ou menor de qualidade. O céu é constantemente “vigiado” e, ao menor sinal de precipitações, tudo começa a ser estudado.
Na colheita, é grande o respeito pelo colaborador que neste período tem em suas mãos a joia preciosa, o fruto que definirá o néctar dos deuses, o vinho francês em sua mais nova e próxima safra.
As grandes redes varejistas da Europa e dos Estados Unidos, representadas pelos seus “agentes de degustação” e negociantes, vão a Bordeaux provar os vinhos e avaliar a safra em termos de valores compondo o seu preço final junto ao produtor e fixando o valor pela possível aceitação nos grandes mercados mundiais.
A essência adquirida ao longo dos séculos de cultivo e os valores e raízes de cada produtor, fixam-se no resultado final do vinho, como a impregnar sua marca e seu registro na questão intangível e sutil da história de cada família, de cada nome e marca, principalmente na França.
Foi este cenário que atraiu os olhos da China. Com gosto apurado e conhecimento de mercado adquiridos ao longo dos anos, os chineses vislumbram a França – mais precisamente a região de Bordeaux – como um grande negócio para seus consumidores em ascensão financeira. E os principais alvos de seu interesse são os châteaux clássicos e localizados nas melhores regiões vinícolas da região.
Tendo aprendido a degustar e apreciar os vinhos de qualidade inegável, e com a crescente expansão dos negócios em nível mundial, a China estende seus horizontes nos mais afamados e pontuados vinhos, suas vinícolas e Chateaus.
Já faz alguns anos que ouvimos falar sobre as aquisições na França, de produtores, vinhos e renomados Châteaux. Neste momento de grande crise nos países europeus, com altíssimas taxas de desemprego e ondas de desequilíbrio financeiro, as tradições seculares dão lugar a uma nova perspectiva, que muda valores, heranças e história, levantando dúvidas e incertezas tanto em apreciadores dos vinhos de Bordeaux espalhados pelo mundo, quanto nos próprios franceses, ainda os grandes consumidores dos vinhos lá produzidos.
A China também tem suas tradições seculares mas, ao longo da história, não percebemos em sua expansão o respeito pelas tradições dos outros países.
Quando se trata de negócios, a parte monetária não respeita divisas, tradições ou hábitos. O empresário chinês, numa crescente somatória digna do melhor capitalismo, e num verdadeiro antagonismo ao regime adotado pela grande potência, chegou à França.
Não obstante todas as medidas protecionistas adotadas pelo governo francês é inegável que veremos mudanças significativas no cenário que abrange os vinhos franceses, particularmente os de Bordeaux.
O dragão bebe vinho
A China, incluindo Hong Kong, tornou-se o maior importador mundial de vinhos de Bordeaux em 2010, trazendo 33,5 milhões de garrafas para o país, o que custou € 330 milhões de acordo com dados do CIVB (Conseil Interprofessionnel du Vin de Bordeaux).
Bordeaux responde por cerca de 30% de todas as importações de vinhos franceses para a China, e os últimos números refletem um aumento de 98% para a China e de 126% para Hong Kong. Os números vêm crescendo, assim como os leilões de vinhos no país, com sucesso de 100% nas vendas e aquisições de produtos nunca antes imaginados. Informações como essas revelam a dimensão do mercado, suas perspectivas e o tamanho do capital envolvido.
Enquanto isso, as manchetes alarmistas na França sugerem que o mercado está ficando perigosamente dependente de um só país, com seus abastados investidores e apreciadores.
O governo da França dita regras para proteger o mercado, incluindo barreiras protecionistas, mas a intensão do grande investidor chinês é encurtar a cadeia entre o produtor e consumidor, uma vez compradas as propriedades.
O dragão vai às compras
As primeiras compras de terras e châteaux na França pelos chineses começaram em 2008, com o Château Latour Laguens. Em março de 2011, foi a vez dos mais prestigiados Cru Bourgeois, nas propriedades de Château Ducos Laulan, no Médoc.
Hoje já existem mais de doze châteaux bordaleses nas mãos dos chineses, e vários outros em negociações. E a venda dos vinhos – outrora distribuídos para 40 países – passou a ser totalmente focada na China. Até mesmo os rótulos e embalagens passaram por uma adequação para atender o mercado chinês em ascensão.
Como aconteceu em outros mercados, uma estrela de cinema, jovem, consagrada, rica e muito popular na China, Zhao Wei, comprou uma propriedade em St. Emilion. Notícias revelam que a atriz pretende manter a equipe atual no processo de vinificação do Château e que vai investir na modernização da propriedade.
É verdade que existem produtores franceses em grandes apuros financeiros, e que o “Dragão Chinês”, surge como a grande “tábua de salvação” em meio à grande crise instalada na Europa e nos países vizinhos. Notadamente, bens de luxo vêm sendo avidamente procurados pelos abastados chineses, com seus novos hábitos de consumo e sedentos por novidades. Vislumbra-se um novo “status social” e o vinho é um bem facilmente adquirido e que está no alto da cadeia dos produtos de luxo.
Que fique claro que não há neste texto preconceito algum em relação ao povo chinês, sua vasta cultura, seu país e suas tradições. Trata-se de uma pausa para analisar o significado de uma expansão de mercado e do alto “poder de fogo” da China para os negócios e investimentos.
As perguntas que não querem calar são: “ O vinho francês será o mesmo com novos donos?” “Até que ponto as tradições regionais e familiares, serão mantidas?”
Veremos vinhos franceses by China, numa nova concepção em vendas e distribuição?
Perguntas que só o tempo e os especialistas em vinhos poderão responder.
Mas lembre-se, 2012 é o ano do Dragão e este pode ser apenas o começo de uma nova concepção mundial para o vinho francês…
Ilustrações: Tony J. Kudo