Vinhos de Bordeaux no Senac

Com organização da Sopexa, a École du Vin de Bordeaux – em parceria com o Senac – irá realizar em novembro um novo ciclo de formações sobre a grande diversidade dos vinhos de Bordeaux, na França. Serão duas palestras ministradas por Guillaume Turbat, sommelier francês que vive no Brasil.

As formações incluem uma introdução geral para a região, clima, solos, variedades de uvas, terroir e a definição do que é uma DOP (denominação de origem protegida) . Na sequência, são apresentadas as denominações Bordeaux, que são divididas em seis famílias.

Os vinhos são apresentados respeitando uma lógica de degustação, começando pelos brancos secos, seguidos de vinhos mais fortes e terminando com os brancos doces. Haverá dicas de harmonização entre alimento e vinho compatíveis, instrução sobre leitura de um rótulo, a variedade de aromas, conselhos na compra e armazenamento.

A formação inclui também informações sobre os processos da produção dos vinhos tintos e brancos.

As duas palestras acontecem no Senac Aclimação e no Senac Campos do Jordão, com vagas limitadas.

– 10 de novembro, das 15h às 17h no Senac Aclimação

– 12 de novembro, das 10h às 12h no Senac Campos do Jordão

Informações e Reservas: Anne-Sophie / anne-sophie.peiffer@sopexa.com

Senac Aclimação:

Rua Pires da Mota, 838 – Aclimação
São Paulo – SP
Telefone: (11) 3795-1299

Centro Universitário Senac – Campos do Jordão:

Av. Frei Orestes Girardi, 3549 – Vila Capivari
Campos do Jordão – SP
Telefone: (12) 3668-3001

 

Vinhos franceses, um paraíso na terra!

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Falar de vinhos franceses de qualidade para mim é algo redundante. Sim, porque é sempre uma viagem em aromas, no paladar e na satisfação do momento.

Sensações únicas e que são dificilmente igualadas, em minha opinião.

Não estou falando de Bordeaux de consumo rápido e de pouca possibilidade para guarda, estou falando de vinhos que são muito acima da média e infelizmente, pouco acessíveis a cada um de nós.

Não vou criticar a política de comercialização de vinhos e muito menos os franceses. Como tudo, a comercialização sofre em função de produção, demanda e o nome da vinícola envolvido. Afinal, são grandes nomes de Bordeaux e grandes safras.

O potencial de guarda de vinhos desta categoria é inigualável. Pode se falar de espanhóis, de italianos, mas o meu gosto, apesar da descendência italiana, é pelos franceses e por Bordeaux.

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Estive em mais uma das muitas degustações deste ano. Desta vez no restaurante Zeffiro, degustação esta promovida pela Importadora Castel Studio, localizada em Porto Alegre e conduzida pelo francês Jerome Dumora (www.castelstudio.com).

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Provei quatro vinhos, sendo um branco e três tintos como segue:

– Reignac Branco 2009: Apelação Bordeaux Btranco. Composição 60% Sauvignon Blanc, 35% Semillon e 5% Muscadelle. Vinho leve, aromático, vivo, integrado, macio e equilibrado. Uma “jóia rara” dos vinhos brancos. Com alto potencial de guarda, mesmo sendo de 2009, sua longevidade se perde nos anos. Potencial de guarda por mais uns 4 anos.

Passa por 8 meses em barricas novas de carvalho francês.

Parreiras com 20 anos de idade. Faixa de preço R$ 160,00.

Enólogo Michel Rollan. Com 90 pontos do Parker.

– Grand Vin de Reignac 2004: Apelação Bordeaux Superieur. Composição 75% Merlot e 25% Cabernet Sauvignon. Vinho com aromas trufados, muita complexidade no nariz, macio e sedoso na boca.

Ótima acidez, toques herbáceos, porém leve e sutil. Um vinho pronto para ser degustado e que no tempo deve revelar ainda mais toda a sua complexidade e elegância.

Excelente potencial de guarda. Aguenta fácil mais uns 8 anos em garrafa.

Enólogo Michel Rolland. Parreiras com 41 anos de idade.

Passa por 18 meses por barricas novas de carvalho francês.

Um vinho exuberante com muita elegância e taninos macios.

– Animae 2008: Apelação Bordeaux Superieur. Composição 75% Merlot e 25% Cabernet Sauvignon.

Passa por 24 meses em barricas novas de carvalho francês.

Este vinho, bem como o seguinte, ainda não estão prontos para  se poder apreciar toda a sua complexidade, mas que demonstram alto potencial de guarda, na faixa de mais 15 anos.

Enólogo Michel Rolland, parreiras com 41 anos de idade.

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– Animae Grande Reserve 2008: Vinho que recebeu nada mais nada menos que 93 pontos de Robert Parker.

Complexo, intenso, frutado, com taninos concentrados. Novo porem sedoso.

Na faixa de R$ 500,00 a R$ 600,00. Composição 100% Merlot e passagem por 29 meses em barricas novas de carvalho francês.

Um vinho para pessoas sensíveis, pela personalidade, pelo alto grau de possibilidades de evolução na garrafa, definido pelos seus aromas intensos, sua fruta e sua complexidade já percebida no conjunto desta safra 2008. Um vinho de guarda e para ser lembrado em ocasiões futuras.

 

 

 

 

 

 

 

 

O dragão chinês e os vinhos de Bordeaux

O empresário chinês chegou à França e almeja os melhores châteaux da região. No Ano do Dragão os vinhos de Bordeaux ainda serão os mesmos? 

Por Vinho dos Anjos 

Os vinhos franceses são afamados por carregar a sutileza, o detalhe e a harmonia em sua elaboração. Cada safra é cuidadosamente medida, no tempo, nas chuvas e precipitações, no sol e no amadurecimento das uvas.

Séculos de tradições familiares, passadas de pai para filho, refletem uma organização linear, algo matemático e preciso, admirado em todo o mundo em se tratando de vinhos franceses. O clima é incontrolável, tudo bem. Tanto é que o enólogo, mesmo com todas as “correções” possíveis após a colheita, já sabe que a chuva “fora de hora” ou a chuva esperada que não veio, colocará o seu vinho numa escala maior ou menor de qualidade. O céu é constantemente “vigiado” e, ao menor sinal de precipitações, tudo começa a ser estudado.

Na colheita, é grande o respeito pelo colaborador que neste período tem em suas mãos a joia preciosa, o fruto que definirá o néctar dos deuses, o vinho francês em sua mais nova e próxima safra.

As grandes redes varejistas da Europa e dos Estados Unidos, representadas pelos seus “agentes de degustação” e negociantes, vão a Bordeaux provar os vinhos e avaliar a safra em termos de valores compondo o seu preço final junto ao produtor e fixando o valor pela possível aceitação nos grandes mercados mundiais.

A essência adquirida ao longo dos séculos de cultivo e os valores e raízes de cada produtor, fixam-se no resultado final do vinho, como a impregnar sua marca e seu registro na questão intangível e sutil da história de cada família, de cada nome e marca, principalmente na França.

Foi este cenário que atraiu os olhos da China. Com gosto apurado e conhecimento de mercado adquiridos ao longo dos anos, os chineses vislumbram a França – mais precisamente a região de Bordeaux – como um grande negócio para seus consumidores em ascensão financeira. E os principais alvos de seu interesse são os châteaux clássicos e localizados nas melhores regiões vinícolas da região.

Tendo aprendido a degustar e apreciar os vinhos de qualidade inegável, e com a crescente expansão dos negócios em nível mundial, a China estende seus horizontes nos mais afamados e pontuados vinhos, suas vinícolas e Chateaus.

Já faz alguns anos que ouvimos falar sobre as aquisições na França, de produtores, vinhos e renomados Châteaux. Neste momento de grande crise nos países europeus, com altíssimas taxas de desemprego e ondas de desequilíbrio financeiro, as tradições seculares dão lugar a uma nova perspectiva, que muda valores, heranças e história, levantando dúvidas e incertezas tanto em apreciadores dos vinhos de Bordeaux espalhados pelo mundo, quanto nos próprios franceses, ainda os grandes consumidores dos vinhos lá produzidos.

A China também tem suas tradições seculares mas, ao longo da história, não percebemos em sua expansão o respeito pelas tradições dos outros países.

Quando se trata de negócios, a parte monetária não respeita divisas, tradições ou hábitos. O empresário chinês, numa crescente somatória digna do melhor capitalismo, e num verdadeiro antagonismo ao regime adotado pela grande potência, chegou à França.

Não obstante todas as medidas protecionistas adotadas pelo governo francês é inegável que veremos mudanças significativas no cenário que abrange os vinhos franceses, particularmente os de Bordeaux.

 

O dragão bebe vinho

A China, incluindo Hong Kong, tornou-se o maior importador mundial de vinhos de Bordeaux em 2010, trazendo 33,5 milhões de garrafas para o país, o que custou € 330 milhões de acordo com dados do CIVB (Conseil Interprofessionnel du Vin de Bordeaux).

Bordeaux responde por cerca de 30% de todas as importações de vinhos franceses para a China, e os últimos números refletem um aumento de 98% para a China e de 126% para Hong Kong. Os números vêm crescendo, assim como os leilões de vinhos no país, com sucesso de 100% nas vendas e aquisições de produtos nunca antes imaginados. Informações como essas revelam a dimensão do mercado, suas perspectivas e o tamanho do capital envolvido.

Enquanto isso, as manchetes alarmistas na França sugerem que o mercado está ficando perigosamente dependente de um só país, com seus abastados investidores e apreciadores.

O governo da França dita regras para proteger o mercado, incluindo barreiras protecionistas, mas a intensão do grande investidor chinês é encurtar a cadeia entre o produtor e consumidor, uma vez compradas as propriedades.

O dragão vai às compras

As primeiras compras de terras e châteaux na França pelos chineses começaram em 2008, com o Château Latour Laguens. Em março de 2011, foi a vez dos mais prestigiados Cru Bourgeois, nas propriedades de Château Ducos Laulan, no Médoc.

Hoje já existem mais de doze châteaux bordaleses nas mãos dos chineses, e vários outros em negociações. E a venda dos vinhos – outrora distribuídos para 40 países – passou a ser totalmente focada na China. Até mesmo os rótulos e embalagens passaram por uma adequação para atender o mercado chinês em ascensão.

Como aconteceu em outros mercados, uma estrela de cinema, jovem, consagrada, rica e muito popular na China, Zhao Wei, comprou uma propriedade em St. Emilion. Notícias revelam que a atriz pretende manter a equipe atual no processo de vinificação do Château e que vai investir na modernização da propriedade.

É verdade que existem produtores franceses em grandes apuros financeiros, e que o “Dragão Chinês”, surge como a grande “tábua de salvação” em meio à grande crise instalada na Europa e nos países vizinhos. Notadamente, bens de luxo vêm sendo avidamente procurados pelos abastados chineses, com seus novos hábitos de consumo e sedentos por novidades. Vislumbra-se um novo “status social” e o vinho é um bem facilmente adquirido e que está no alto da cadeia dos produtos de luxo.

Que fique claro que não há neste texto preconceito algum em relação ao povo chinês, sua vasta cultura, seu país e suas tradições. Trata-se de uma pausa para analisar o significado de uma expansão de mercado e do alto “poder de fogo” da China para os negócios e investimentos.

As perguntas que não querem calar são: “ O vinho francês será o mesmo com novos donos?” “Até que ponto as tradições regionais e familiares, serão mantidas?”

Veremos vinhos franceses by China, numa nova concepção em vendas e distribuição?

Perguntas que só o tempo e os especialistas em vinhos poderão responder.

Mas lembre-se, 2012 é o ano do Dragão e este pode ser apenas o começo de uma nova concepção mundial para o vinho francês…

Ilustrações: Tony J. Kudo

 

Os vinhos de Bordeaux “aceleram” conquistando o Brasil e o público

Agora que todos os meus amigos, blogueiros e jornalistas já falaram deste evento, vou fazer minhas considerações.

Realmente, tivemos uma oportunidade única e especial neste último dia 07/03. Nas provas que se seguiram de vinhos da safra 2009, o resultado foi no mínimo gratificante.

Apesar da safra, em minha opinião modesta, ainda ser jovem e determinar longevidade, o contato com os produtores, experts e apreciadores não poderia ter sido melhor.

Vinhos expressivos, alguns delicados, outros mais tânicos, vários ainda pedindo tempo na garrafa, outros prontos para serem sorvidos devagar, quase em pensamento…

Bem se vê que a França ainda domina o vasto mundo dos vinhos, na tradição e no cuidado, na apresentação e no resultado final.

Oportunidade que sem dúvida o mercado apreciou e aplaudiu, tanto pela iniciativa, como pela elegância deste evento.

Mas em se tratando dos vinhos, vamos citar alguns.

O Angelus, do Château Angélus se apresentou exatamente como eu esperava, elegante, harmonioso, nos aromas e na boca, com um final marcante. Como a própria ficha técnica diz, é um vinho que reflete a paixão do enólogo em toda a sua essência, em oito gerações.

Era de se esperar que o Blog Vinho dos Anjos tivesse com este vinho, uma identificação. Que não ficou apenas no nome, mas em toda a complexidade apresentada. É uma das “jóias” de Saint-Émilion.

Corte das uvas 50% Merlot, 47% Cabernet Franc e 3% Cabernet Sauvignon, estagiando de 100% de 18 a 24 meses em barricas novas de carvalho francês.

Mas é tão difícil falar especificamente de um só vinho, que seria injusto da minha parte, citar apenas alguns, no universo de coisas boas provadas.

Deixo assim algumas fotos abaixo, que refletem alguns vinhos e o sucesso de público neste grande evento.