Espumantes Brasileiros dão o tom (e as borbulhas) no GUIA DESCORCHADOS 2016

Espumantes do Brasil

 

Dia 21 de março foi lançado em São Paulo, o Guia Descorchados 2016 em português, em evento realizado pela Revista Adega e Inner Editora.

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Além de uma gama de vinhos tranquilos de qualidade indiscutível apresentada, os espumantes foram destaque. E tem sido sempre assim, um crescimento que nos alegra em cada borbulha.

Pela segunda vez, Patricio Tapia (idealizador do Guia) avaliou os espumantes brasileiros, além dos vinhos da Argentina, Chile e Uruguai, trazendo para a apresentação em São Paulo, vários produtores e representantes dos vinhos pontuados destes países.

Paralelamente a apresentação dos vinhos, ocorreu uma Master Class dos espumantes brasileiros conduzida por Patricio Tapia e comentada pelos produtores.

Para o Guia deste ano, foram analisadas 226 amostras de espumantes brasileiros de diversos produtores, sendo que 44 deles se destacaram com pontuações iguais ou superiores a 90 pontos. Destes destaques, 40 foram elaborados pelo método tradicional, predominando vinhos base de Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. Foram ressaltados também os bons moscatéis produzidos e provados.

Em destaque na degustação Master Class, sete amostras foram degustadas, representando grupos e que dispensam comentários, pois além de minuciosa elaboração, são de grande presença em boca e fácil harmonização.

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. 93 pontos – Melhor Espumante

Pizzato Vertigo Nature Chardonnay, Pinot Noir 2013 (Método tradicional)

. 92 pontos – O Eleito Pinto Bandeira

Cave Geisse Terroir Nature Chardonnay, Pinot Noir 2011 (Método tradicional)

. 91 pontos – O Eleito Serra Gaúcha

Piagentini X Decima .Yoo Brut Nature Edição Especial Chardonnay, Pinot Noir, Viognier 2012 (Método tradicional)

. 91 pontos – O Eleito Campanha Gaúcha

Guatambu Nature Chardonnay 2014 (Método tradicional)

. 90 pontos – Menção

Maximo Boschi Extra Brut Speciale Chardonnay, Pinot Noir 2009 (Método tradicional)

. 91 pontos – O Eleito Vale dos Vinhedos

Miolo Millésime Brut Chardonnay, Pinot Noir 2011 (Método tradicional)

. 91 pontos – Vinho Revelação

Domno Ponto Nero Conceptual Edition Rosé de Noir Pinot Noir NV (Método Charmat)

Segundo Patricio Tapia, o Descorchados 2016 é a fotografia do que esta acontecendo no Brasil e o projeto para o Descorchados de 2017 é a inclusão dos vinhos tranquilos nacionais, possivelmente com muitas surpresas para todos nós!

Colaboração: Eduardo Morya

Método tradicional, ou Champenoise e o aroma de pão

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Uma vez que o vinho base, ou seja, o vinho que dará origem ao espumante está preparado ele é engarrafado em um processo chamado de “tiragem”.

Basicamente, o vinho é misturado com uma cultura de fermento ativo e uma quantidade específica de açúcar, de modo que, dentro da garrafa ele começa a fermentar.

O gás de dióxido de carbono é um produto gerado pela fermentação e por isso fica preso no interior da garrafa fechada, produzindo bolhas.

Esta fermentação secundária na garrafa (sim, porque a primeira foi para a elaboração do vinho base) se processa em poucas semanas e todo o açúcar é consumido pela levedura.

Quanto mais tempo as leveduras são deixadas nas garrafas, após a fermentação estar completa, mais sabor, textura e complexidade darão ao vinho.

A levedura é um organismo vivo, um fungo, vital para o processo de fermentação.

Os vinhos que foram armazenados com as borras da levedura por anos, são muito cremosos e complexos.

Já reparou no aroma exalado pelo espumante ou Champagne quando aberto e na taça? Sentiu aromas de pão, fermento e padaria? Então observe que o aroma exalado é fruto da fermentação e da ação das leveduras. Como no pão e do momento em que ele cresce através da fermentação!

Todo o sedimento da levedura que se encontra depositado na garrafa, deve ser removido antes que o vinho siga para ser consumido ou distribuído.

Todo este processo de remoção deve ser feito um pouco antes de o vinho seguir para o consumo, pois se for retirado antes, o vinho perderá frescor e poderá haver diminuição das bolhas.

Todas as leveduras e sedimentos são forçados a ficar no bico da garrafa, ou seja, no gargalo. Ficam em uma posição em que o ângulo permita esta descida de depósitos.

As garrafas são giradas e inclinadas de uma forma muito particular e ao longo de várias semanas. É o tal do “remuage” como se houve falar nas rodas de especialistas.

O “dégorgement” é o momento em que ocorre a retirada dos sedimentos. As garrafas são colocadas de cabeça para baixo e seu gargalo passa por um processo de congelamento que irá congelar os sedimentos para facilitar a remoção.

Apenas os gargalos das garrafas estão submersos e estes congelam em cerca de 5 minutos.

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Esta parte de sedimentos congelados é então removida e rapidamente é adicionado o famoso licor de expedição feito do xarope de açúcar, ou um vinho mais velho adoçado. A garrafa é então arrolhada e é colocada a “gaiola” para conter a rolha em função da pressão que se formou. Pronto, o espumante ou Champagne está pronto para ser consumido (ou guardado).

 

Valduga apresenta suas estrelas que iluminam a noite

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Falar da Valduga é falar de história de vida, de trajetórias, de lutas e conquistas. Sim, porque desbravaram a terra e deram a ela notoriedade através de seus vinhos.

Desde o início, quando o primeiro descendente  chegou no Brasil em 1875 o trabalho foi árduo. Hoje o reconhecimento é dado pelo consumo, pelos prêmios alcançados, pela capacidade de se inventar e reinventar, sempre buscando sua própria identidade e seus conceitos. Investindo em profissionais e tecnologia, em marcas e vinhos que se tornaram notórios.

Em evento exclusivo que aconteceu no Iate Clube de Santos, no bairro de Higienópolis, São Paulo, fomos brindados com o que há de melhor na Valduga e que exprimem o “terroir” de cada região em suas propostas. Foi o Valduga Gallery Wines.

Já conheço a Valduga faz muito tempo, bem antes das ampliações nas instalações e de espaço ocorridas na vinícola. Admiro o trabalho e a pesquisa envolvida, sempre com muita seriedade e profissionalismo, trazendo também uma conversa entusiasmada através do Juarez Valduga, em todas as histórias e pensamentos.

Hoje as linhas de vinhos compreendem: Leopoldina, Identidade e Raízes, além dos disputados espumantes que incluem o Espumante 130, a Linha Gran Reserva, Reserva e Arte, além é calro do Maria Valduga, seu ícone de borbulhas!

Em cada rótulo um conceito bem formado, uma história, uma digital como sempre comento quando vejo emprenho e dedicação.

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No meu destaque, a Linha Leopoldina vem “sobrando”. Vinho como o Gran Chardonnay D.O., me impressiona e me faz delirar de alegria.

Os prêmios internacionais falam por ele. Ganhou medalhas de ouro nos concursos Mundus Vini na Alemanha e no Challenge Internacional du Vin, na França.

É um vinho barricado (6 meses em carvalho francês e romeno), tendo aromas ressaltados pela presença da fruta, com toques de baunilha e chocolate branco, que conferem toda sua elegância e complexidade no conjunto nariz/boca.

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Adorei  o Espumante Blush Reserva, que eu já havia provado no iníco deste ano quando lá estive. Um espumante elegante, de coloração rosada, elaborado pelo método Champenoise, com as uvas Pinot Noir e Chardonnay, ambas com 50% de participação no corte.

Passa 25 meses em Cave, traz uma elegância e perlage contínuo e fino, aromas de brioche e leve perfume muito agradável.

E por último, apreciei bastante o Gran Identidade 2009, corte das uvas Arinarnoa, Marselan e Merlot, provenientes do “terroir” de Encruzilhada do Sul. Passagem de 12 meses por carvalho francês. É intenso na cor, no nariz notas de frutas vermelhas, quase doces, e especiarias. Na boca é potente e elegante, seus taninos são equilibrados e o final é prolongado e vibrante.

Na Chandon, acompanhando o processo produtivo. Uvas para os espumantes

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A Chandon é sem dúvida hoje, um dos grandes produtores de espumantes do Brasil.

Empresa que faz parte do Grupo LVMH (Louis Vuitton e Möet Hennessy), se instalou em 1973 no município de Garibaldi, na Serra Gaúcha, e se especializou unicamente na produção de espumantes, colocando de lado os vinhos tranquilos e trabalhando os nichos de mercado.

Sua estrutura física e de maquinário é de fazer inveja a qualquer produtor. Mantém controle absoluto nos processos de produção, desde a qualidade das uvas, sua recepção, análise dos açucares, determinação do momento certo da colheita e em toda a cadeia produtiva.

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Riesling Itálico e recepção de uvas

Acompanhando a recepção das uvas e o processo produtivo na elaboração dos vinhos, tive a grata oportunidade de acompanhar a prensagem da uva Pinot Noir e experimentar apenas o suco pós-prensagem.

A coloração ainda tem intensidade, percebe-se os aromas da fruta e o gosto adocicado e agradável, bem como na parte visual, uma turbidez e falta de transparência, ainda fruto de um líquido a ser trabalhado na elaboração dos espumantes.

Prensagem

Área de prensagem / Saída do suco prensado

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Suco da uva Pinot Noir apenas prensado

Na Chandon o método adotado para a elaboração dos espumantes é exclusivamente o método Charmat, onde ocorre a segunda fermentação nos tanques de aço inox, com temperatura controlada.

Provei também o mosto fermentado, porém sem filtragem. O espumante neste estado já apresenta muitas das suas características finais.

É com o assemblage de várias colheitas e safras que o espumante é preparado e obtém-se o seu estilo, sem ser safrado, porém mantendo-se um padrão nos aromas e na parte gustativa, preservando a concepção original de cada produto em cada linha.

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Espumante quase pronto

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Precipitações observadas antes da filtragem

Na segunda fermentação, vem ás borbulhas, a picância. O espumante está pronto para envelhecer, dentro de cada conceito e tempo determinado, chegando ao mercado após os últimos detalhes como o licor de expedição e rotulagem.

Hoje a linha de produtos da Chandon é composta de seis espumantes, como segue:

– Chandon Réserve Brut: Riesling Itálico / Chardonnay / Pinot Noir, com 10 G/L de açúcar.

– Chandon Brut Rosé: Riesling Itálico / Chardonnay / Pinot Noir, com 14 G/L de açucar.

– Excellence Cuvée Presige: Chardonnay / Pinot Noir, com 7 G/L de açucar.

– Excellence Rosé Cuvée Prestige: Chardonnay / Pinot Noir, 9 G/L de açucar.

– Chandon Riche Demi-Séc: Riesling Itálico / Chardonnay / Pinot Noir, com 35 G/L de açucar.

– Chandon Passion: Pinot Noir / Malvasia de Cândia / Moscato Canelli, com 35 G/L de açúcar.

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A linha de espumantes na taça…

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…e nas garrafas

Em cada espumante, uma proposta diferente para agradar o consumidor brasileiro (sim porque hoje toda a produção é destinada para o mercado interno) e suas crescentes exigências.

A Chandon e o consumidor brasileiro estão em constante aprendizado, garantido pelos feed backs em cada garrafa aberta, em cada degustação.

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Vinhedo da Chandon

Viajar para Garibaldi, garante uma bela oportunidade de conhecer a vinícola e seus produtos.

Viva o vinho brasileiro!

Almir Anjos