O que há realmente dentro do vinho? (primeira parte)

O que há realmente dentro de uma garrafa de vinho depende fundamentalmente de uma coisa: confiança.

Gostamos de saber que estamos bebendo o que está escrito no rótulo, mas seria verdade tudo o que lemos lá? É realmente o vinho que escolhemos, está de acordo com as informações impressas?

Poderia haver algo que nos colocasse em risco de vida, logo no primeiro gole? É realmente um Pinot Noir 2008 ou seria um 2007 mascarado por pétalas de flores maceradas?

O ser humano, infelizmente, não é tão confiável. Quanto mais global a produção de alimentos e a cadeia de abastecimento, com crescimento na produção de vinhos, mais os laços de confiança são expostos e, ocasionalmente, são quebrados.

A questão seria: Confiar e averiguar.

A autenticidade tem muitas faces. Particularmente no mundo dos alimentos, o perigo de produtos nocivos se agiganta. No mundo dos vinhos, as questões referentes ao produto, no que tange a sua origem, cada vez mais vêm à tona. O progresso dos métodos de segurança e autenticidade coloca uma perspectiva tentadora: a conclusão da impressão digital original de um “terroir” em particular.

Tudo nos proporciona uma visão fascinante sobre o que sabemos e o que poderemos saber em breve.

Há toda uma tecnologia avançada para detectar e identificar questões químicas que poderiam verificar ou provar se um produto é declaradamente falso.

Trabalhos são desenvolvidos com ressonância magnética nuclear, que permitem a identificação da presença e nível de concentração de vários elementos em um único experimento, uma abordagem reforçada por métodos estatísticos multivariados. Possibilitando, por exemplo, distinguir as diferenças entre dois azeites de diferentes “terroirs”, mas da mesma espécie de oliveira.

Assim como se detecta produtos alérgicos para algumas pessoas, analisando os componentes, ou mesmo níveis de toxicidade e contaminação, também isto é possível no vinho.

Também já se voltam à atenção para a análise do uso do carvalho (o que é do carvalho e o que é proveniente da uva) e seus aromas, decorrentes no envelhecimento dos vinhos, demonstrando que barricas de carvalho e chips deixam rastros químicos distintos.

Há outras apresentações focadas em métodos para a identificação de variedades de vinhos através da análise de flavonóides e outros compostos.

Estudos sugerem que as variações dos compostos fenólicos, dentro de uma única variedade, ao longo do tempo, e por diferentes métodos de produção, determinam a autenticidade varietal.
Em breve publicarei a complementação…aguardem!

Fonte de pesquisa: www.winesandvines.com

“A adega escura… Um lugar para os fortes” Herú Pinot Noir 2009

Os vinhos deitados na adega escura escondem as preciosidades das histórias, do passado, das conquistas e das emoções.

A adega é solitária, silenciosa, introspectiva. Na penumbra das luzes tremulantes laterais, as sombras se formam nos gargalos, as portas de entrada dos líquidos trabalhados anos a fio.

Saudosos dos anos longínquos, os rótulos não apresentam mais o colorido do passado, a jovialidade vibrante do início, da concepção. Agora eles são, vinhos de guarda…

Em constante evolução, o vinho se transforma dia a dia, numa lenta mudança de cores e aromas, perceptível somente no momento que são abertos.

As escadas conduzem ao recinto fechado, onde a temperatura é constante, onde não existem oscilações de calor. Lá o tempo parece ter parado.

E paramos para olhar atentamente cada detalhe, as inscrições como coisas do passado remoto, revelam o RG, a característica do que cada garrafa esconde, são os marcadores, os marcadores do tempo, da digital, das castas emblemáticas que só uma adega especial pode ter.

Não é comum termos esta visão ela é a vivência de poucos, de apaixonados, de privilegiados no mundo dos vinhos.

É o lugar para os fortes, os vinhos fortes, os “escolhidos” os que sobreviverão ao tempo, mais que o próprio homem.

Assim é o Herú 2009, Pinot Noir do Chile, do Vale de Casablanca.

Um vinho enigmático desde a sua concepção.  Para ser guardado e apreciado nos grandes momentos. Seu nome evoca a perfeição, que é o espírito deste vinho.

O duende é o símbolo deste vinho. Contém a magia e o encanto, traduzidos na palavra e na expressão da fruta marcante.

O aroma é refinado, com toque de frutas vermelhas frescas e especiarias.

É equilibrado, harmônico e tem um incrível potencial de guarda.

Pontuações: A safra 2009 recebeu 91 Pontos da Wine Enthusiast

A decisão de se escolher o Herú para abrir, torna o momento especial, seja hoje, ou daqui 10 anos. É um momento a ser sempre compartilhado, aos mais íntimos, aos amigos mais caros, mais presentes, mais próximos do nosso coração.

A adega escura, ainda continuará a ser paro poucos, para os poucos e fortes que atravessarão  as estações, as mudanças no tempo, nos próprios vinhos e na sociedade.

A adega escura nos trouxe hoje o Herú, um dos vinhos fortes que contará sua história no tempo.

Onde encontrar: http://www.vinnobile.com.br/produto/100/4259/ventisquero-heru-pinot-noir-2005

O pão e o vinho…

 

Não nasceram juntos, mas da necessidade do homem na sua caminhada pela vida, que o levou a dividir entre um e outro, os momentos que falam do alimento e da bebida.

O vinho carrega a sabedoria, os anos das videiras impregnadas nas uvas, nas castas, no plantio e na concepção. O pão é a massa “forjada” pelas mãos do mesmo homem. Do fermento ativo de crescimento.

O homem calejado pela experiência do tempo elabora no silêncio de seus pensamentos, o seu alimento sagrado, meditando sobre a vida, sobre si mesmo.

Juntos formam o simbolismo da necessidade de alimentar o corpo, dar energia e vigor, ressaltando os sabores, no também silêncio da apreciação duradoura em sua complementação.

Somos pão e vinho. Massa e líquido. Cor e contrastes, formando um emaranhado indecifrável do tempo, dos pensamentos e da complexidade de todas as coisas vivas, das almas destacadas nos mundos.

D.O. La Mancha: O “terroir” que se reflete nos vinhos, sem “manchar” a qualidade

Falar desta denominação de origem (D.O.) é falar olhando o tempo e o clima. Sim, porque na região central da Espanha, esta denominação aparece junto a baixas e elevadas temperaturas, sendo descrita como o local com “Nove meses de inverno e três meses de inferno”.

Tive a grata oportunidade de provar os vinhos desta denominação no Emiliano, no último dia 15/05.  Confesso que fiquei surpreso pela qualidade geral.

Fui sem expectativas, apenas aberto para provar e deixar minha mente divagar sobre os aromas, sabores e as castas apresentadas.

Foi uma excelente prova de vinhos, bem acima da média, ou seja, muito boa em todo o conjunto. Difícil falar de um só produtor, ou de um só vinho, mas vou tentar descrever em palavras o que mais me motivou e entusiasmou.

Primeiramente a grande maioria dos vinhos com Tempranillo, já fiquei feliz, porque adoro esta uva, e adoro esta uva plantada na Espanha. Depois porque não verifiquei grande concentração de álcool. Todos os vinhos na medida certa, equilibrados neste sentido.

O lugar também ajudou, foi tranquilo, não estava lotado, e tudo conspirou para que o encontro com amigos de profissão e pessoas queridas transcorresse na mais perfeita harmonia.

Em dado momento da degustação eu pensei: Mas e a água? Mostre-me a água porque não consigo deixar de provar, os vinhos são realmente muito bons.

Mas vamos falar dos vinhos que provei e mais gostei:

 

A Vinícola de Tomelloso foi o ponto alto para mim, o melhor produtor e os melhores vinhos em conjunto estavam ali. Desde o mais jovem, até o reserva, passando também pelos brancos e por um rose esplendido, de Tempranillo.

Seguem os vinhos que mais me agradaram deste produtor:

– Finca Cerrada Rosado: 100% Tempranillo (Cencibel). Um vinho rose com cor intensa, muito aromático. Aromas de frutas vermelhas maduras, na boca surpreendente e equilibrado, redondo, com retro gosto floral. Um vinho que já ganhou três medalhas de prata em concursos internacionais. Ideal para harmonizar com massas, queijos frescos e curados, carnes brancas.

– Torre de Gazate Crianza 2005: 60% Tempranillo (Cencibel) e 40% Cabernet Sauvignon. 13,5% de teor alcoólico. Um vinho elegante, de aromas exóticos e intensos. Na boca, fresco e frutado. Equilibrado, com taninos macios e harmoniosos. Ideal para carnes e assados.

– Torre de Gazate Reserva 2000: 50% Tempranillo (Cencibel) e 50% Cabernet Sauvignon. 13,5% de teor alcoólico. Um vinho que se mostra potente, com aromas proporcionados pelo tempo de barrica, com equilíbrio alcoólico e geral. Um vinho com caráter único, vibrante, elegante e encorpado. Harmoniza com carnes de caça, queijos curados.

 

Destaco também os vinhos do produtor Dominio de Punctum, vinhos orgânicos e biodinâmicos de grande qualidade e com rótulos muito expressivos.

 

Destaque para o “Viento Aliseo Viognier 2011”, muito aromático e intenso e o “Amor Amor Tempranillo 2011”, com incríveis e delicados aromas, e uma boca com bom corpo e taninos macios.

Bem, como eu disse inicialmente, não dá para falar e citar todos, mas especialmente gostei também do produtor Allozo Centro Españolas, com seu Allozo Red Reserva 2005 e a Bodegas Verduguez e seus tintos “Imperial Toledo”.

 

 

Da próxima vez, lembrarei que a água existe. Salut!