Por: Eduardo Morya e Almir Anjos
Em outubro foi realizada a “Avant-Première Viñas de Colchagua”, evento que contou com a assessoria da CH2A e que pela primeira vez aconteceu fora do Chile, com novas edições previstas para o Brasil segundo José Miguel Viu, presidente da associação.
É sabido da grande aceitação dos vinhos chilenos pelos brasileiros, prova disto é que o Chile fornece quase metade dos vinhos importados pelo Brasil, posição mantida há mais de dez anos. O Brasil ocupa a quinta posição no ranking chileno de exportações de vinhos.
Segundo informações de 2010 (divulgadas em 2011) repassadas pela “Wines of Chile”, o Vale de Colchagua possuía 27.043 ha de vinhedos, sendo 86 % castas tintas e 14 % castas brancas.
A Associação Viñas de Colchagua foi criada em 1999 com objetivo de promover e difundir a D.O. Valle de Colchagua. No ano de 2011 adquire um novo conceito legal como Associação Gremial, atualmente conta com 13 produtores e é responsável pela “Ruta del Vino del Valle de Colchagua” (enoturismo).
O Vale de Colchagua dista 130 km ao sul de Santiago, possui limites oeste pelo Oceano Pacífico e leste pela Cordilheira dos Andes. A distância entre estes limites (120 km) e outras particularidades (Rio Tinguiririca; pequenos cerros com altitude inferiores a 500 m a.n.m.; correntes de ar; formação, tipo e profundidade do solo), fornecem inúmeras possibilidades ao setor vitivinícola, com novas áreas de produção sendo descobertas e implantadas com castas brancas e tintas, apesar de registros indicarem o cultivo de vinhas para produzir vinhos a partir de 1542, pelos missionários jesuítas, durante a Conquista Espanhola na América.
As bodegas que fazem parte da Associação são: MontGras, Santa Rita, Santa Cruz, Bisquertt, Casa Silva, Lapostolle, Ventisquero, Los Vascos, Montes, Santa Helena, Siegel, Viu Manent e Luis Felipe Edwards.
Durante a avant-première, os produtores e enólogos esclareceram as inovações e propostas enológicas na Master Class “Colchagua e seus clássicos”, na Prova Aberta e nas ilhas temáticas “Herança: vinhos de vinhedos antigos”, “Uvas Mediterrâneas e não tradicionais” e “Carmenére de Colchagua”.
A apresentação de vinhos ícones e emblemáticos, com aromas e sabores marcantes, produtos da grande variação do terroir, da utilização de moderna tecnologia e do empenho dos produtores, foi determinante para afirmar: “Atenção para Viñas de Colchagua”.
Dos vinhos que provamos (foram vários) destacamos três deles:
– Microterroir Carmenérè 2007: Um vinho que teve seu “terroir” mapeado de forma a garantir parcelas diferenciadas na produção. Produzido pela Casa Silva, é 100% Carmenérè, muito diferenciado desde os aromas como em boca. Apresenta delicadeza no nariz, com notas de fruta e café.
Em boca uma picância gostosa, final longo e marcante. Pimenta, pimentão e muita fruta.
– Montes Alpha “M” 2006: Um vinho 80% Cabernet Sauvignon, 10% Cabernet Franc, 5% Merlot e 5% Petit Verdot. Sua produção é bem limitada. No nariz já apresenta evolução, toques da canela e cassis.
Em boca é potente, integrado e tânico. Um vinho de muito glamour.
– Clos Apalta 2009: 78% Carmenérè, 19% Cabernet Sauvignon e 3% Petit Verdot. Estagia 24 meses em barricas 100% novas de carvalho francês.
Um vinho não clarificado e não filtrado. É um vinho de grande estrutura, aveludado e com cor intensa. No nariz apresenta frutas como ameixas maduras e figos secos.
Em boca tem final longo. Um vinho muito bem integrado e harmonioso.
Para quem ainda não teve a oportunidade de provar, vale a observação nos rótulos e a viagem a Colchagua.