Falar em vinhos quando o céu está escuro, quase como noite, desabando sobre nós, talvez seja uma das coisas boas deste momento. O som da chuva que bate nas janelas, das casas, dos carros, confundindo a cidade, iluminando as ruas com os faróis, nos remete o recolhimento.
A introspecção faz parte dos dias cinzentos. Amadurecemos as idéias, repensamos conceitos, corremos como loucos ao trabalho. Inevitavelmente molhamos a barra da calça, mesmo com o guarda-chuva.
E neste vai e vem de pessoas, na luta diária por seu espaço, por sua melhoria, por suas conquistas no trabalho, o tempo nos pede calma.
A calma que a própria chuva proporciona pela parada repentina daquilo que nos enchia os olhos: O amanhecer de um dia esplendoroso de sol.
Olhamos neste instante nosso “sol interior”. E nos perguntamos: Ele brilha?
Nesta profusão de pensamentos, emaranhados pelas cobranças diárias, refletimos, mudamos, nos percebemos e sentimos o pulso, a respiração, a vida em sua plenitude.
Neste instante, ao cair da tarde, contemplando o dia que se vai, mais um dia em nossas vidas, olhamos o horizonte e pedimos: Que os dias sejam cheios de luz!
Mas onde estaria o vinho neste instante? Poderia ele preencher os vazios dos corações apertados? Poderia ele penetrar na nossa consciência e como um “beliscão” nos acordar para o momento de vida? Acredito que sim.
Utopias são as coisas sonhadas que não podem ser realizadas. Quando nos propomos ao simples, nos propomos ao momento que pede reflexões. Pede enxergar o outro, pede “abrir os olhos”.
Respiramos e absorvemos o todo em sua essência e toda a sua magnitude, é a vida nos chamando, não para as conquistas materiais, mas para as conquistas da alma, que são eternas e impregnam em nosso ser.
Sempre digo: “Viver implica em enfrentar os desafios, ter a capacidade de buscar de forma única, particular, mas assertiva, dedicada e confiante”. Vivemos o presente com os olhos deitados no futuro. Quando o presente em um segundo já se foi, e não percebemos.
Ah, mas os vinhos nos proporcionam esta reflexão, porque afinam os sentidos, nos convidam, à observação, à contemplação e estejamos acompanhados ou sós, sabemos que um horizonte de possibilidades nos aguarda.
E a chuva cai lá fora…
Lindo texto Almir!
Me fez refletir muito.
Parabéns!
Almir, adoro seus textos. Continue “iluminado”. Beijo.
Muito Bom!
Obrigado João Marcos. Grande abraço!
Almir
Eu sou alucinado por vinho Embora eu tenho uma vida independente e adoro apreciar vinhos em alto nível. Esse texto me fascinou porque “O amor com vinho rejuvenesce.”
Bom dia. Muito obrigado, buscamos sempre associar sensações e momentos com os vinhos. A vida é isso, gravar na memória os bons momentos. Grande abraço