Cinema entre vinhos e vinhedos: Wine Movie Peterlongo

Wine Movie Peterlongo

A segunda temporada do Wine Movie Peterlongo começou no último dia 23, com a exibição de duas sessões da produção brasileira ‘O Filme da Minha Vida’.

Se você é um apaixonado por vinhos e cinema, esta é uma grande oportunidade de ter este momento fixado em sua memória gustativa e visual.

Nada como ter a experiência de degustar um bom espumante assistindo a um filme a céu aberto entre os vinhedos.

No dia 7 de outubro acontece a reprise de ‘O Filme da Minha Vida’, filme que tem a direção de Selton Mello e cujas cenas foram gravadas na Serra Gaúcha. A reprise se da pelo sucesso na primeira exibição.

O segundo filme do mês será ‘O segredo dos seus olhos’, programado para 21 de outubro e no sábado seguinte, 28, será a vez do ganhador do Oscar, ‘Moonlight: Sob a Luz do Luar’.

Em caso de chuva a atração será transferida para o interior da vinícola. A programação começa às 18h com a exibição do filme sempre ao anoitecer. O público pode aproveitar o espaço para contemplar o pôr do sol, degustar vinhos e espumantes, saborear quitutes e curtir atrações musicais da região, sempre ao vivo no jardim da vinícola.

A Peterlongo resolveu incrementar a programação durante o próximo mês em razão da realização da Fenachamp – Festa Nacional do Espumante, que acontece em Garibaldi, Capital Brasileira do Espumante, de 5 a 29 de outubro.

O Wine Movie Peterlongo passou a ser o cinema de Garibaldi (RS), oferecendo uma experiência inusitada ao ar livre entre os vinhedos da centenária vinícola e ao lado do emblemático Castelo Peterlongo.

A atração, lançada em setembro do ano passado, oferece, ao invés do conforto de poltronas e ar condicionado das salas de cinema, um ambiente natural cheio de charme e nostalgia. Ao ar livre, as pessoas vão se acomodando no gramado de um jardim cercado por vinhedos e pelo Castelo Peterlongo, construído no início do século passado, tendo o centro da cidade como pano de fundo. O público, de pouco mais de 100 pessoas, vai ocupando bancos de paletes, almofadas e tapetes do local, ou, se preferirem, cadeiras e mantas trazidas de casa.

FILMES

O Filme da Minha Vida – 1h53min

Baseado no livro “Um Pai de Cinema” do chileno Antonio Skármeta, mesmo autor de “O Carteiro e o Poeta” e “No”, o filme, dirigido por Selton Mello, mostra Tony (Johnny Massaro), um jovem professor que, aos 21 anos, após concluir a faculdade, volta para sua cidade natal e descobre que o pai (Vincent Cassel) voltou para a França alegando sentir falta dos amigos e do país de origem. Tony vê-se em meio aos conflitos e inexperiências juvenis. O drama tem direção e roteiro de Selton Mello, que também atua como Paco. O filme foi gravado nos meses de abril e maio de 2015 em sete cidades da Serra Gaúcha, entre elas Garibaldi. Não recomendado para menores de 14 anos.

O Segredo dos seus Olhos – 2h09min

Benjamin Esposito (Ricardo Darín) se aposentou recentemente do cargo de oficial de justiça de um tribunal penal. Com bastante tempo livre, ele agora se dedica a escrever um livro. Benjamin usa sua experiência para contar uma história trágica, a qual foi testemunha em 1974. Na época, o Departamento de Justiça onde trabalhava foi designado para investigar o estupro e, consequente, assassinato de uma bela jovem. É desta forma que Benjamin conhece Ricardo Morales (Pablo Rago), marido da falecida, a quem promete ajudar a encontrar o culpado. Para tanto, ele conta com a ajuda de Pablo Sandoval (Guillermo Francella), seu grande amigo, e com Irene Menéndez Hastings (Soledad Villamil), sua chefe imediata, por quem nutre uma paixão secreta. Não recomendado para menores de 16 anos.

Moonlight: Sob a Luz do Luar – 1h51min

Ganhador do Oscar de Melhor Filme 2017. Três momentos da vida de Chiron, um jovem negro morador de uma comunidade pobre de Miami, nos Estados Unidos, que enfrenta desafios relacionados a sua raça e sexualidade. Do bullying na infância, passando pela crise de identidade da adolescência e a tentação do universo do crime e das drogas, este é um poético estudo de personagem. Uma história atemporal de relações humanas e autoconhecimento. Um drama onde o jovem luta para encontrar seu lugar no mundo. Ao mesmo tempo um retrato essencial da vida contemporânea do afro-americano e uma reflexão intensa, pessoal e poética sobre identidade, família e amizade. Não recomendado para menores de 16 anos.

 

Logo Peterlongo

SERVIÇO

O que? Wine Movie Peterlongo

Quando? 7, 21 e 28 de outubro de 2017

Horário: 18h

Onde? Jardim da Vinícola Peterlongo (Garibaldi/RS)

Ingressos limitados: R$ 35 antecipado e R$ 45 no local (sujeito à disponibilidade)

Pontos de venda: varejo da Vinícola Peterlongo ou no site www.sympla.com.br

Atrações: pipoca, quitutes, além de espumantes, vinhos e suco de uva em taça e garrafa

Em caso de chuva o evento será transferido para o interior da vinícola.

PROGRAMAÇÃO OUTUBRO

 

DATA HORA LOCAL MÚSICA AO VIVO FILME
07.10 18h Jardim Peterlongo Pianista Rafael Teclas O Filme da Minha Vida
21.10 18h Jardim Peterlongo Acústico Três Quartos O Segredo dos seus Olhos
28.10 18h Jardim Peterlongo Eduardo Segabinazzi  Moonlight: Sob a Luz do Luar

 

Gastronomia, vinhos, espumantes brasileiros e um pouco de história

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Em 1870, o governo do Rio Grande do Sul criou colônias no alto das serras a fim de receber imigrantes alemães, que viriam para completar a lacuna de mão de obra barata que o Brasil precisava com o fim da escravatura, além de ocupar regiões remotas do Estado. Porém, com as más notícias que corriam na Alemanha, relatando as dificuldades dos colonizadores, o número de colonos alemães diminuiu drasticamente. Isso obrigou o governo a procurar uma nova fonte de imigrantes: os italianos.

Se aproveitando das péssimas condições que se encontravam os europeus, graças à Revolução Industrial e ao êxodo rural, o Brasil fez promessas sobre uma terra de fartura, oportunidades e felicidade.

Á partir de 1875 chegaram os primeiros grupos de italianos no Rio Grande do Sul, vindos de Piemonte e Lombardia, e depois do Vêneto, se instalando na região da Serra Gaúcha.

A maioria dos italianos no entanto, encontrou dificuldades em função das promessas não cumpridas por parte do governo brasileiro e pensavam em ir embora. Mas a falta do dinheiro os prendia aqui.

A produção de vinho, que era feito em pequenas quantidades apenas para a população das colônias, logo começou a ganhar mercado, com a força do trabalho dos italianos, dando origem às primeiras cantinas.

Introduziram na culinária gaúcha pratos derivados de sua cultura, como as polentas, massas como os tortéis com recheio de moranga e o galeto ao primo canto.

A introdução do cultivo de vinho na região tornou a vinicultura a principal economia dos colonos italianos e posteriormente muito importante do Rio Grande do Sul, também influenciando a culinária gaúcha.

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Galeteria italiana

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Galeto ao Primo Canto

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Sagu. Típico!

O Galeto ao Primo Canto teve sua origem na região de Caxias do Sul. É um prato tradicional da culinária gaúcha. Chega a ser considerado um dos três principais pratos do Rio Grande do Sul.

Acredita-se que a origem deste prato remonta aos hábitos alimentares dos colonizadores, que costumavam preparar passarinhadas nos dias de festa. Com a proibição da caça aos passarinhos, o galeto foi adotado como alternativa de consumo e preparo.

O primeiro restaurante a comercializar este prato foi a Galeteria Peccini, fundada em fevereiro de 1931 em função da primeira Festa da Uva. Desde então, diversos restaurantes, as chamadas galeterias, com o sucesso do prato, se espalharam pelo estado do Rio Grande do Sul.

O Galeto ao Primo Canto é o frango jovem, com aproximadamente 25 dias, assado sobre a brasa e na maioria das vezes servido com muitos outros complementos, como a polenta frita, salada de radiche e espaguete com vários molhos.

Acredita-se que a “comilança e fartura” italiana talvez sejam o fruto de uma época de restrições e dificuldades vividas pelos imigrantes, quando da colonização em terras brasileiras, sendo uma forma de suprir seu lado psicológico da falta de alimento e restrições.

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Espumante: Sucesso nacional e no exterior

Caxias do Sul

Caxias do Sul é a maior cidade da Serra Gaúcha e conhecida pela alta qualidade de suas vinícolas. A tradicional Festa da Uva ocorre bienalmente em fevereiro, nos Pavilhões da Festa da Uva. O evento retrata a colonização italiana através de desfiles e espetáculos regionais, além de contar com exposições de uvas e vinhos, cursos de degustação e demais atividades festivas.

Mantém até hoje as origens e tradições trazidas pelos imigrantes italianos, sendo um local muito propício para apreciar massas, galeto e outras delícias da culinária e para apreciar bons vinhos, produzidos na cidade e na região.

Os passeios guiados ás vinícolas são a grande diversão e aprendizado, oferecem degustações além de mostrarem como é a produção dos vinhos, espumantes e metodologia de trabalho. É possível visitar desde o parreiral até o processo de elaboração e harmonização de vinhos com a gastronomia.

Bento Gonçalves

Bento Gonçalves está entre as 10 maiores economias do Rio Grande do Sul. A cidade destaca-se por ser considerada a Capital Brasileira do Vinho. As diversas vinícolas da cidade e os eventos ligados à bebida, como a Fenavinho e a Feavin atraem milhares de turistas por ano.

Durante a Fenavinho os visitantes podem provar e comprar vinhos, participar de jantares harmonizados e temáticos conduzidos por renomados chefs, participar de cursos de degustação e assistir aos espetáculos culturais. Já a Feavin é mais voltada para o público empresarial, reunindo empresários, negócios e troca de experiências do ramo, divulgando novidades do setor.

Em Bento, a boa culinária é também herança dos imigrantes italianos. Vinícolas, galeterias e casas de massas estão espalhadas por toda região. O Vale dos Vinhedos, que fica no perímetro rural da cidade, é uma mistura de vinícolas, paisagens exuberantes e gastronomia. Mesmo nas pequenas propriedades rurais é possível encontrar vinhos de personalidade e que nos últimos anos conquistaram destaque nacional e internacional pela qualidade e seus produtos diferenciados.

Garibaldi

Apesar da colonização italiana, Garibaldi também teve forte influência da cultura francesa, transmitida pelas congregações religiosas de origem francesa, responsáveis pela educação dos habitantes durante décadas.

Hoje Garibaldi é conhecida como a capital nacional do champanha, sendo o maior produtor da bebida no Brasil. A família Peterlongo em 1913 elaborou o primeiro champanha brasileiro, em Garibaldi.

Durante quatro décadas, o Brasil conheceu um único champanha elaborado aqui. Família de italianos que chegaram do Tirol, o champanha Peterlongo conquistou definitivamente o mercado brasileiro a partir de 1930. Foi a bebida servida pelo Presidente Getúlio Vargas na ocasião da visita da Rainha Elizabeth e seus convidados ao Brasil.

Engenheiro e agrimensor, Manoel Peterlongo vindo com sua família de Trento, no Tirol italiano, ajudou a fazer o traçado da cidade de Garibaldi, produziu o primeiro champanha do Brasil. O produto era obtido por meio de misturas de vinhos e submetido a uma fermentação em garrafas e era o sonho maior deste técnico, que desejava produzir em Garibaldi um vinho que tivesse a mesma qualidade daquele que estava habituado a beber na Europa.

O sonho de Peterlongo começou a criar suas próprias raízes em 1913. Utilizando-se de um processo natural de fermentação (champenoise), criado pelo abade francês Don Pérignon, onde o vinho-base era colocado nas garrafas, juntamente com a adição de licor de tirage e leveduras selecionadas, produziu o primeiro champanha brasileiro. No mesmo ano, a qualidade do novo produto já era reconhecida publicamente, ao ganhar a Medalha de Ouro na Exposição de Uvas, na qual foi gravado: “Bendita a terra a que este sangue aquece”.

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As uvas e as paisagens exuberantes

As paisagens na região são exuberantes, o clima agradável e o ar limpo.

Além da cultura do vinho, é possível conhecer os hábitos, a religião, a gastronomia, as manifestações culturais, que caracterizam a formação da região e os colonizadores, bem como experimentar a magia em cada taça, em cada brinde em cada prato saboreado.

E viva a gastronomia italiana, os colonizadores e os bons vinhos. Saúde!