Muito se fala nos aromas dos vinhos. Eles são de percepção física, porque utilizamos o nariz como veículo para a sensação. Mas quando os aromas invadem nosso sentido, nos deixamos levar pelas memórias olfativas acumuladas de sensações, agrupadas ao longo da vida, que nos remetem momentos vividos.
No vinho, o que ocorre, e para quem não compreende, é que os aromas são na verdade, aromas associativos, ou seja, não há abacaxi no vinho, mas os aromas exalados pelo vinho, nos lembram os mesmos aromas do abacaxi.
E porque isto ocorre? Porque há no solo ou nas características de algum momento de todo o processo de plantio, vinificação ou mesmo de envelhecimento em barricas, onde estes aromas impregnam nos vinhos. São sutis, são delicados às vezes. Quando experimento, por exemplo, fecho os olhos e deixo as sensações chegarem.
Ás vezes vem sensações de infância, do cheiro do mato, da chuva que foi e deixou a terra molhada.
É isto o que tento dizer que é interessante no vinho: estas sensações únicas e particulares, que só a memória individual de aprendizados pode proporcionar.
Quando se experimenta através do olfato, se treina a percepção e os sentidos. Porque dizem que a mulher tem uma capacidade maior para os aromas? Porque o contato dela com a questão da percepção se mostra muito apurado, pela própria característica feminina de ser, pela delicadeza em perceber as coisas e seu lado sutil. É o lado que tem a questão da suavidade, da maciez, incomparáveis se buscadas no homem.
Portanto, apurar os sentidos e percepções é fundamental para se conhecer o que se fala no mundo dos vinhos. Não é invenção falar dos aromas se for de forma associativa. É treino.
Ir a uma feira, cheirar os temperos e as ervas. Sentir os aromas dos alimentos, das frutas, das flores do campo, do mar, do vento que trás a brisa, tudo isto é treinamento, e tudo isto é a profusão dos aromas em nossa mente, em nossos sentidos, dentro de nós.
O envolvimento assim, é fundamental para a identificação e abertura da percepção para definição dos aromas no vinho.