Harmonização vinho e Alcachofra é possível?

alcachofras

Estamos no auge da colheita deste que é considerado um legume exótico, e que além de saboroso tem um grande uso medicinal.

A alcachofra (Cynara scolymus) tem sua origem no sul da Europa e data do século XII. Já no século XV começou a ser cultivada em Nápoles. Os europeus foram os que introduziram a planta no Brasil, no século XIX.

Aqui no Brasil a cor da alcachofra é normalmente roxa.

Com relação à questão medicinal, a ciarina que está presente na planta, ajuda na melhora das funções do fígado, problemas hepáticos em geral, diabetes, reumatismo, ácido úrico e arteriosclerose. Ajuda na diminuição do teor de gordura e glicose no sangue, além de ser altamente nutritiva.

Tem efeito diurético, digestivo e desintoxicante. São várias as propriedades terapêuticas, e ainda ajuda na perda de peso. Seu consumo ainda ativa os mecanismos de limpeza do corpo e promove a digestão das gorduras, fazendo com que elas não se acumulem no corpo.

Mas vamos a possibilidade de harmonização. Sempre ouvimos que é algo difícil, mas temos algumas grandes dicas, que podem unir o benefício do vinho e da alcachofra, dois grandes alimentos que amamos.

Um bom vinho que segue como sugestão, para alcachofras cozidas, é um tinto, sem barrica. No caso, o Beaujolais é super indicado, pela leveza e similaridade.

Alcachofra com  queijo

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Mas se sua vontade é tentar algo como o uso da Cabernet Sauvignon, por exemplo, não perca os cabelos, é possível variando-se a receita. Tente pré-cozinhar a alcachofra já com o sal, e coloque um queijo bem “gordo”. Dê uma ligeira “assada” no forno. O queijo vai se integrar e torna a alcachofra mais “robusta” nos sabores. Experimente!

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Mas pode tentar neste caso, também um bom vinho branco. Um Chardonnay como o Castello de Pomino Bianco, de Frescobaldi, cai muito bem. Vai ficar uma delícia!

Enquanto houver sol…

Sun III

O sol é com certeza o componente principal no desenvolvimento da uva. Nele se concentra a vida e a evolução para a concentração de todas as propriedades que farão da uva, a matéria prima dos bons vinhos.

A maturação das uvas talvez seja a parte mais importante em todo o processo para a elaboração dos vinhos. Sim, porque sem o devido amadurecimento não há o açúcar e sem o açúcar não há a transformação em álcool.

Olhar o céu perto da colheita, sentir as nuvens ou a aproximação de chuvas, tudo isto poderá favorecer a que a qualidade final esteja de acordo com o teor de açúcar na uva, sem o “inchaço” causado por uma eventual precipitação de água.

Tem a questão também do açúcar residual (Pós-fermentação) que pode ao gosto do enólogo, diferenciar seu vinho, trazendo a maciez ou um sabor por ele desejado.

Outro fator é o índice de acidez desejado, também influenciado pela qualidade da uva na maturação.

Claro, o cuidado para que a uva não amadureça demais também é uma preocupação. Imagine a uva já no transporte começar seu processo de fermentação. Bagos “estourados” e calor seria uma combinação pouco desejada.

Fatores que só tendem a estragar a qualidade dos vinhos.

Sun

A exposição ao sol revela o cuidado no plantio, quando as folhas são ou não podadas para que absorvam a luz e processem seu crescimento.

Ao observarmos a luz que incide nas plantações pegadas a rios, observamos que além da incidência no próprio parreiral, há a incidência indireta proveniente da reflexão: Sol, rio, parreiral.

Há de se observar o “terroir” em cada caso e a combinação destes fatores para a obtenção de melhores e maiores resultados.

Ou seja, enquanto houver sol, teremos bons vinhos!

Sun II

 

 

 

 

 

 

 

Tour pela Toscana, produtores, comida local e vinhos – Parte IV

Na manhã seguinte nos encontramos na recepção, todos os hóspedes que fariam parte no tour aos produtores de vinhos, seguiram em ônibus até o ponto de encontro e lá nos dividimos em pequenos grupos. No meu caso, meu grupo era formado por um americano e uma japonesa, ele comprador em Tampa, Califórnia, ela uma agente no Japão. Duas figuras!

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Nosso produtor nos conduziu á propriedade, onde nos apresentou sua produção, vinhos e também a criação de porcos, o Cinta Senese Pork, de onde se obtém os embutidos de todas as formas e variedades (leia mais em http://cintasenese.blogspot.com.br/). Deliciosos e inesquecíveis.

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Sentamos junto á família para almoçar e fomos brindados com uma gama enorme de vinhos e pratos. A conversa fluiu solta, em inglês, com diversos WOWs! Do americano e com um riso contido (hihihihi), da japonesa. E eu sorri. Um brasileiro na Toscana, entre um americano e uma japa, na terra de minha avó. Me senti feliz diante daquela mesa, da fartura, da quietude e da oportunidade de vida.

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Gargalhei várias vezes, era inevitável e engraçado a conversa tanto pela comunicação e expressões de todos, como pela hilária situação de um brasileiro na Toscana em busca dos melhores vinhos e da melhor gastronomia.

Após a visita, partimos para outro produtor, malas arrastadas por toda a Toscana, no ônibus, nos carros, nos hotéis, na rua, vrammmmmm, lá iam as malas. Muitas malas, muitos trechos, muitas pequenas estradas abençoadas pela paisagem.

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O dia não havia terminado. Cada um foi conduzido ao seu quarto, após circularmos pela vinícola no novo produtor, um rapaz estranho, magro e de óculos, o enólogo da propriedade, um tanto delicado.

Mas meu assombro foi ainda maior quando olhei meu quarto, imenso, no meio do verde e das árvores da Toscana, um sonho. Com lareira, fogão, mesa, sofá, imenso.

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Cansado, extremamente cansado e pensei: Vamos ao banho e para mais uma maratona. Prova de vinhos com harmonização do produtor. Mais um “massacre” gastronômico e etílico do dia.

Tomei meu banho quente e desci agasalhado. Seguimos para a parte interna da casa, onde nos aguardavam mais 12 vinhos para prova e harmonização prato a prato. Entradas, embutidos, queijos, massas, tudo estava lá, mas o corpo só queria dormir…

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Nós três, eu, o americano e a japonesa já éramos íntimos. Sim íntimos nas conversas sobre tudo. O americano falava e gesticulava bastante, era intenso em suas colocações, falava com uma batata quente na boca. A japonesa era discreta, porém divertida e alegre. E lá estava eu novamente, pensando nas entrelinhas da vida abençoada. Rindo até me acabar.

Terminamos a noite com uma torta de sobremesa e claro, Vin Santo sem grappa desta vez.

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Dormi como um anjo… ou quase…

Buy Wine Florença, agenda lotada em dia produtivo – Parte III

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Na manhã seguinte seguimos para o local da feira, uma imensa construção que se assemelha a uma muralha, de fácil acesso do nosso hotel.

Cruzamos a estação de trem de Florença, um sol pálido surgia no horizonte e protegidos pelos nossos casacos do frio da manhã, seguimos cheios de expectativa para a feira.

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Ao chegarmos, nos deparamos com uma fila imensa de credenciamento para cada país de origem. Pensei que eu poderia me cadastrar como jornalista, além de comprador. Olhei o balcão de imprensa e ele estava vazio.

Segui para o balcão, me apresentei, troquei algumas palavras em inglês, conversa aqui, conversa ali e logo já estava com o crachá de imprensa e devidamente credenciado como jornalista.

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Complementei meu cadastro como comprador e ingressei na feira com dois crachás (ticket para dois almoços e quatro cafés). Eu era o único nesta condição, coisa de brasileiro…

Recebemos nossa pasta de trabalho e nossa programação já pré-definida e começamos nos apresentando para cada produtor de mesa em mesa. Seriam todos visitados por cada comprador, de meia em meia hora, e das 9:00 horas ás 16:00 horas da tarde ininterruptamente.

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Provei vários vinhos naquela manhã, entre Chiantis, Chiantis Reservas, vinhos brancos e Brunellos, perguntando sobre a produção, os rótulos, preços e condições comerciais, afinal, este era o grande trabalho a ser feito.

Tivemos uma hora de almoço, self-service, em um salão imenso lotado de compradores internacionais e comida á vontade. Retornamos as rodadas de atendimento e negócios, finalizando e contabilizando no mínimo 11 visitas a cada dia, pois além das visitas agendadas, encaixei algumas esporádicas que me pareceram interessantes.

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Naquele final de dia, seguimos para o hotel com a vontade de provarmos a legítima bisteca Fiorentina.

Tomamos nosso banho e através de uma indicação, seguimos para o restaurante indicado. Caminhamos muito em busca do endereço, por mais ou menos uma hora, e quando lá chegamos o restaurante estava fechado. Retornamos para próximo do nosso hotel, seguindo outra indicação e conseguimos provar no final da noite, a famosa bisteca. Com vinho, é claro!

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Seguimos a pé para o hotel e adormecemos cansados.

O segundo dia de feira não apresentou grandes surpresas em termos de acontecimentos, tudo funcionou como um relógio programado. Tirando o fato de um produtor italiano ter nos destratado quando solicitamos a troca do rótulo por algo mais comercial, ele disse: querem que eu coloque a bandeira do Brasil! Um estúpido que deixamos falando sozinho…

Mas nossa vontade era terminarmos o dia caminhando pelos monumentos e comendo bem. Nos forçamos a sair.

Busquei informações sobre restaurantes e nos reunimos na recepção partindo ás 20:00 rumo ao restaurante selecionado, o 4 Leone. Toquinha na cabeça, cachecol e uma dose temperada de humor.

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Trattoria 4 Leone

Caminhamos pouco, atravessando a Ponte Santa Trinitá e logo já estávamos no restaurante indicado, o Trattoria 4 Leone, localizado na Via dè Vellutini, 1r, 50125 (www.4leoni.com). Entramos e logo já conversávamos animadamente com o garçom enquanto degustávamos um vinho branco, chardonnay do Frescobaldi, o Pomino Bianco, dando muitas risadas.

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Entrada: Alcachofra gratinada com queijo

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Parma, creme e bolinho de queijo

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Massa com carne de javali

Pedimos as entradas, os pratos e nos deliciamos com a cozinha bem feita e o esmero na preparação de cada detalhe.

Lugar extremamente aconchegante e pratos deliciosos! Sensacional!

PB

Caminhamos retornando para o hotel, sem deixarmos de observar as vielas estreitas e vazias, coisa bem característica nesta região. Seguimos mais uma vez ao lado do rio, observando a noite gostosa e com temperatura por volta de 10°, muito agradável.

Lá estávamos novamente no Hotel Cavaliere para uma noite de sono.