Florença, vinhos, gastronomia e histórias – Parte I

IMG_6239

Chegada em Florença

Vou iniciar uma série de posts sobre minha viagem a Florença na Itália, relatando um pouco do que foi o encontro de compradores, a feira Buy Wine e contando histórias que vivi nestes dias na Toscana.

Pra começar, desde a chegada e qual era a expectativa que eu tinha sobre os negócios, os vinhos e os produtores.

O voo foi longo e de muita reflexão, afinal sentia uma nova etapa que se iniciava, e o retorno á Itália me trazia lembranças vividas em Florença, no ano de 2002. Estava atento aos sinais da viagem. Oportunidades, vivência, aproximações, novas amizades.

Logo que sentei fui abordado e perguntado se poderia mudar de lugar. Logo me prontifiquei, sem, no entanto, avaliar minha decisão:

Sentei-me ao lado de uma moça com uma criança de um ano no colo.

Não preciso dizer o que se sucedeu depois, cada um pode avaliar. Mas o sorriso da criança e a dedicação da mãe, uma brasileira nascida em Curitiba e casada com um espanhol, me fizeram refletir mais ainda sobre todas as coisas da vida. E eu afirmei em pensamento: Estou fazendo o que meu pai teria feito…

No serviço de bordo da Air France a grata surpresa de poder escolher entre um vinho tinto, o La Vieille Ferme Rouge (já conhecido) e um branco chardonnay, ambos franceses e em garrafa de plástico de 187 ml. Escolhi o branco.

IMG_6237

Fiz uma pequena escala em Paris, no aeroporto Charles de Gaulle, onde aguardei por mais uma hora e meia a saída, entre caminhadas imensas nos terminais.

De cara um fato inusitado e estranho, quase hilário. Fui ao banheiro no aeroporto e sem mais nem menos uma mulher da limpeza entrou e como se não houvesse ninguém, lá permaneceu entre homens que faziam suas necessidades encabulados. Fiquei sem entender, embora meus olhos pequenos tivessem ficado arregalados. Coisa comum nos dias de hoje? Quem sabe…

Bem, parti para Florença onde fui recepcionado pela organização do evento, já no aeroporto. Lista de convidados compradores, direcionados em grupos para os hotéis determinados. Tudo bem organizado, show!

O meu hotel foi o Adler Cavaliere, localizado próximo á estação de trem e com acesso fácil a qualquer lugar.

002

Rio Arno – Firtenze

Após deixar as bagagens, resolvi caminhar pela vizinhança, mesmo cansado, junto com minha amiga e concorrente de trabalho, Jô Barros, outra brasileira presente no grupo de compradores internacionais, grata coincidência!

Nesta caminhada fomos levados a Ponte Vecchio, primeira ponte construída durante a época romana, cartão postal de Florença e bem próxima de onde estávamos hospedados. Algumas fotos pelo caminho e claro, logo veio a vontade de tomar uma taça de vinho e comer um panini original.

IMG_6249

Jô provando o vinho da casa em copo de vidro

Paramos em um local próximo, escolhemos na “vitrine” e sentamos. Tomamos o vinho em copo de vidro, vinho tinto da casa e provamos o panini trazido por um senhor que em minha mente chamava-se Alfredo.

IMG_6247

Alfredo!

Mais uma caminhada já retornando ao hotel, paramos para um gellato. Bem, mas não sem antes comprarmos uma barra de chocolate suíço na linda e maravilhosa loja da Lindt, ao lado do Duomo, uma perdição!

IMG_6702

Sem comentários

IMG_6709

Basilica Santa Maria del Fiore – Duomo

Tinha que me preparar, pois haveria um ponto de encontro no hotel que levaria á todos, ainda naquela noite para a apresentação e recepção da Buy Wine.

Fui tomar banho…

Para quem ama corridas e vinhos: Circuíto dos vinhedos na Villa Francioni em Santa Catarina

villa francioni (98)

A corrida rústica por entre os vinhedos de altitude da Villa Francioni será realizada no dia 10 de novembro. Inscrições já estão abertas.

Vila

O evento esportivo será realizado pela primeira vez em uma vinícola de Santa Catarina.

O Circuito dos Vinhedos na Villa Francioni, localizada em São Joaquim, irá acontecer a partir das 9 horas da manhã do dia 10 de novembro. Serão duas provas de 5 e 10 km com disputas no masculino e feminino. A prova será realizada entre os vinhedos, localizados à 1.260 metros acima do nível do mar.

O principal objetivo dos organizadores é estimular a criação de um polo turístico e esportivo agregando as riquezas da região serrana, fomentando as atividades com consciência e sustentabilidade.

A prova terá a participação de 100 competidores.

Maiores informações e inscrições: www.circuitodosvinhedos.com.br

8ª Mostra Internacional de Vinhos – Campinas. Um dos melhores eventos do ano!

MIV logo

 

MIV face

Prepare-se! Dia 14 de Setembro está chegando!

Taças á mão e vamos degustar e provar as últimas novidades do mundo dos vinhos em ambiente agradável em Campinas.

Venha desfrutar de mais este momento único!

8ª Mostra Internacional de Vinhos de Campinas

Confira abaixo toda a programação.

“Vem aí, dia 14 de setembro (sábado), a 8ª MIV – Mostra Internacional de Vinhos – Campinas, que vai reunir profissionais do setor e enófilos de Campinas e mais de 50 cidades, para degustações, palestras e apresentações dos últimos lançamentos do mercado. Este ano, além das lojas parceiras, haverá mais ênfase na venda direta de vinhos pelos expositores com cartão de crédito, de modo que será mais fácil levar para casa os vinhos preferidos entre os degustados na MIV.

A 8ª MIV será realizada no Royal Palm Plaza Resort (Casa de Campo), o maior hotel de eventos do Brasil e um dos endereços mais requintados do interior paulista.”

  • DATA E HORÁRIO
  • 14 de Setembro de 2013
    14h00 às 20h00

 

  • ENDEREÇO
  • Royal Palm Plaza Resort | Casa de Campo
    Avenida Royal Palm Plaza, 277
    Jardim Nova Califórnia
    Campinas – SP

 

  • TELEFONE:
  • (19) 3212-2293 ou (19) 8141-3322

 

  • EMAIL:
  • contato@mivcampinas.com.br

 

 

 

 

Gastronomia, vinhos, espumantes brasileiros e um pouco de história

IMG_1825

Em 1870, o governo do Rio Grande do Sul criou colônias no alto das serras a fim de receber imigrantes alemães, que viriam para completar a lacuna de mão de obra barata que o Brasil precisava com o fim da escravatura, além de ocupar regiões remotas do Estado. Porém, com as más notícias que corriam na Alemanha, relatando as dificuldades dos colonizadores, o número de colonos alemães diminuiu drasticamente. Isso obrigou o governo a procurar uma nova fonte de imigrantes: os italianos.

Se aproveitando das péssimas condições que se encontravam os europeus, graças à Revolução Industrial e ao êxodo rural, o Brasil fez promessas sobre uma terra de fartura, oportunidades e felicidade.

Á partir de 1875 chegaram os primeiros grupos de italianos no Rio Grande do Sul, vindos de Piemonte e Lombardia, e depois do Vêneto, se instalando na região da Serra Gaúcha.

A maioria dos italianos no entanto, encontrou dificuldades em função das promessas não cumpridas por parte do governo brasileiro e pensavam em ir embora. Mas a falta do dinheiro os prendia aqui.

A produção de vinho, que era feito em pequenas quantidades apenas para a população das colônias, logo começou a ganhar mercado, com a força do trabalho dos italianos, dando origem às primeiras cantinas.

Introduziram na culinária gaúcha pratos derivados de sua cultura, como as polentas, massas como os tortéis com recheio de moranga e o galeto ao primo canto.

A introdução do cultivo de vinho na região tornou a vinicultura a principal economia dos colonos italianos e posteriormente muito importante do Rio Grande do Sul, também influenciando a culinária gaúcha.

IMG_1653

Galeteria italiana

IMG_1652

Galeto ao Primo Canto

IMG_1665

Sagu. Típico!

O Galeto ao Primo Canto teve sua origem na região de Caxias do Sul. É um prato tradicional da culinária gaúcha. Chega a ser considerado um dos três principais pratos do Rio Grande do Sul.

Acredita-se que a origem deste prato remonta aos hábitos alimentares dos colonizadores, que costumavam preparar passarinhadas nos dias de festa. Com a proibição da caça aos passarinhos, o galeto foi adotado como alternativa de consumo e preparo.

O primeiro restaurante a comercializar este prato foi a Galeteria Peccini, fundada em fevereiro de 1931 em função da primeira Festa da Uva. Desde então, diversos restaurantes, as chamadas galeterias, com o sucesso do prato, se espalharam pelo estado do Rio Grande do Sul.

O Galeto ao Primo Canto é o frango jovem, com aproximadamente 25 dias, assado sobre a brasa e na maioria das vezes servido com muitos outros complementos, como a polenta frita, salada de radiche e espaguete com vários molhos.

Acredita-se que a “comilança e fartura” italiana talvez sejam o fruto de uma época de restrições e dificuldades vividas pelos imigrantes, quando da colonização em terras brasileiras, sendo uma forma de suprir seu lado psicológico da falta de alimento e restrições.

IMG_1839

Espumante: Sucesso nacional e no exterior

Caxias do Sul

Caxias do Sul é a maior cidade da Serra Gaúcha e conhecida pela alta qualidade de suas vinícolas. A tradicional Festa da Uva ocorre bienalmente em fevereiro, nos Pavilhões da Festa da Uva. O evento retrata a colonização italiana através de desfiles e espetáculos regionais, além de contar com exposições de uvas e vinhos, cursos de degustação e demais atividades festivas.

Mantém até hoje as origens e tradições trazidas pelos imigrantes italianos, sendo um local muito propício para apreciar massas, galeto e outras delícias da culinária e para apreciar bons vinhos, produzidos na cidade e na região.

Os passeios guiados ás vinícolas são a grande diversão e aprendizado, oferecem degustações além de mostrarem como é a produção dos vinhos, espumantes e metodologia de trabalho. É possível visitar desde o parreiral até o processo de elaboração e harmonização de vinhos com a gastronomia.

Bento Gonçalves

Bento Gonçalves está entre as 10 maiores economias do Rio Grande do Sul. A cidade destaca-se por ser considerada a Capital Brasileira do Vinho. As diversas vinícolas da cidade e os eventos ligados à bebida, como a Fenavinho e a Feavin atraem milhares de turistas por ano.

Durante a Fenavinho os visitantes podem provar e comprar vinhos, participar de jantares harmonizados e temáticos conduzidos por renomados chefs, participar de cursos de degustação e assistir aos espetáculos culturais. Já a Feavin é mais voltada para o público empresarial, reunindo empresários, negócios e troca de experiências do ramo, divulgando novidades do setor.

Em Bento, a boa culinária é também herança dos imigrantes italianos. Vinícolas, galeterias e casas de massas estão espalhadas por toda região. O Vale dos Vinhedos, que fica no perímetro rural da cidade, é uma mistura de vinícolas, paisagens exuberantes e gastronomia. Mesmo nas pequenas propriedades rurais é possível encontrar vinhos de personalidade e que nos últimos anos conquistaram destaque nacional e internacional pela qualidade e seus produtos diferenciados.

Garibaldi

Apesar da colonização italiana, Garibaldi também teve forte influência da cultura francesa, transmitida pelas congregações religiosas de origem francesa, responsáveis pela educação dos habitantes durante décadas.

Hoje Garibaldi é conhecida como a capital nacional do champanha, sendo o maior produtor da bebida no Brasil. A família Peterlongo em 1913 elaborou o primeiro champanha brasileiro, em Garibaldi.

Durante quatro décadas, o Brasil conheceu um único champanha elaborado aqui. Família de italianos que chegaram do Tirol, o champanha Peterlongo conquistou definitivamente o mercado brasileiro a partir de 1930. Foi a bebida servida pelo Presidente Getúlio Vargas na ocasião da visita da Rainha Elizabeth e seus convidados ao Brasil.

Engenheiro e agrimensor, Manoel Peterlongo vindo com sua família de Trento, no Tirol italiano, ajudou a fazer o traçado da cidade de Garibaldi, produziu o primeiro champanha do Brasil. O produto era obtido por meio de misturas de vinhos e submetido a uma fermentação em garrafas e era o sonho maior deste técnico, que desejava produzir em Garibaldi um vinho que tivesse a mesma qualidade daquele que estava habituado a beber na Europa.

O sonho de Peterlongo começou a criar suas próprias raízes em 1913. Utilizando-se de um processo natural de fermentação (champenoise), criado pelo abade francês Don Pérignon, onde o vinho-base era colocado nas garrafas, juntamente com a adição de licor de tirage e leveduras selecionadas, produziu o primeiro champanha brasileiro. No mesmo ano, a qualidade do novo produto já era reconhecida publicamente, ao ganhar a Medalha de Ouro na Exposição de Uvas, na qual foi gravado: “Bendita a terra a que este sangue aquece”.

IMG_1938

As uvas e as paisagens exuberantes

As paisagens na região são exuberantes, o clima agradável e o ar limpo.

Além da cultura do vinho, é possível conhecer os hábitos, a religião, a gastronomia, as manifestações culturais, que caracterizam a formação da região e os colonizadores, bem como experimentar a magia em cada taça, em cada brinde em cada prato saboreado.

E viva a gastronomia italiana, os colonizadores e os bons vinhos. Saúde!