Região Vitivinícola do Tejo: Diversidade de terroir e castas

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Inúmeras possibilidades e diferentes vinhos 

Não é difícil compreender como se estrutura uma das mais importantes regiões vitivinícolas de Portugal, o Tejo (antes denominada Ribatejo). Com uma diversidade de terroirs devido à topografia e a composição dos solos, apresenta três sub-regiões que originam diferentes perfis de vinho.

O Bairro, localizado a Norte e a Leste, com solo preferencial para vinhos tintos; a Charneca, localizada ao Sul e Sudeste, que dá origem a vinhos mais concentrados; e o Campo, onde predomina a produção de vinho branco elaborado com a casta Fernão Pires (60%).

Região com grande ocupação de jovens enólogos viticultores, que aliam os conhecimentos adquiridos nas universidades à tradição, criando vinhos consistentes e de grande qualidade, com estilos empolgantes e diferenciados.

Com produção atual de 61 milhões de litros, a Região Vitivinícola do Tejo está localizada no centro de Portugal, próximo da capital do país. É cortada pelo rio Tejo, um ícone de Portugal. Este território vitivinícola tem uma área global de cerca de 7.000 km2, dos quais 12.500 hectares são vinhas, e abrange 21 municípios, um no distrito de Lisboa e os restantes de Santarém.

O rio Tejo é o elemento central e imprime uma profunda influência na caracterização da região, principalmente ao clima e aos terroirs. O clima da região é moderado, com temperaturas médias que variam entre 15ºC e 16,5ºC. É uma região de acentuada amplitude térmica, com dias bastante quentes, que assegura a maturação da uva, e noites frescas e úmidas, garantido frescor as castas e  acidez natural – ideal para fazer vinhos com potencial de guarda.

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As Castas

As principais castas brancas são Fernão Pires (Maria Gomes), Arinto (Pedernã), Verdelho, Alvarinho, Chardonnay e Sauvignon Blanc; e as castas tintas, Castelão (João de Santarém ou Periquita), Trincadeira (Tinta Amarela ou Trincadeira Preta), Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Syrah, Cabernet Sauvignon e Aragonez (Tinta Roriz ou Tempranillo).

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Fernão Pires é a casta mais expressiva da região vitivinícola do Tejo, sendo amplamente utilizada na produção de vinho branco. Dá origem a vinhos de aroma frutado e floral e com acidez média que lhe conferem frescor. É uma casta extremamente versátil que está presente na composição de vinhos brancos, frisantes, licorosos e até em colheitas tardias.

Os Vinhos

A região dos Vinhos do Tejo tem uma área total em torno de 12.500 hectares, dos quais 2.500 dão origem a vinhos com denominação de origem DOC do Tejo e 5.000 hectares a vinhos com selo de certificação IG Tejo.  Possui ótimas condições naturais para o cultivo da vinha e para a produção de vinhos, onde o frescor fornecido pela natureza é evidente.

Nos brancos, o perfil traduz-se em vinhos muito aromáticos com a presença de fruta tropical, citrina também frescos e muito elegantes. Os vinhos tintos são muito equilibrados, frescos e com taninos elegantes. No nariz a fruta é uma presença garantida. Nos tintos de guarda a madeira pode estar presente, mas de uma forma discreta. A região do Tejo produz também excelentes vinhos rosés, espumantes, frisantes – que é menos gaseificado do que espumante e pode ser mais ou menos doce – e que podem ser apreciados em momentos de convívio fora das refeições, e também licorosos e colheitas tardias.

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Sobre a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo

A CVR Tejo é uma associação inter profissional que representa a produção e o comércio do setor vitivinícola da região. A sua competência consiste em controlar o cumprimento das regras e a certificação dos vinhos brancos, rosés, tintos, espumantes, licorosos e vinagres produzidos na região, com direito a Denominação de Origem Controlada do Tejo (DOC do Tejo) e a Indicação Geográfica Tejo (IG Tejo). Assim, todos os vinhos certificados pela Comissão têm o selo de garantia ‘Tejo’ no rótulo. “Tem como missão ajudar os produtores a aumentar a sua presença nos mercados estratégicos, com vinhos empolgantes e estilos diferenciados, oferecendo ao consumidor, contínua e consistentemente, qualidade e bom preço”, segundo João Silvestre, porta voz da CVR Tejo (Comissão Vitivinícola Regional do Tejo).

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Em visita á ProWine 2022 pude participar de degustação dirigida dos vinhos da região que além de rica em vinhos e castas, surpreende pela qualidade dos produtos, fato este que desde 2010 acompanho pelos inúmeros eventos, feiras e degustações que participei.

É sem dúvida uma região de grande potencial já verificado na excelência dos vinhos.

Saúde!

 

Vinhos do Tejo em São Paulo: Evolução dos vinhos de Portugal

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O Consulado Geral de Portugal/São Paulo recebeu convidados e imprensa para conhecer os vinhos do Tejo e suas harmonizações gastronômicas no evento “Grande Prova Anual dos Vinhos do Tejo”, realizado pela Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVRTejo), organizado pela Wine Senses Brasil e assessorado pela Malu Abib Comunicação.

Localizada no coração de Portugal, a região banhada pelo Rio Tejo produz vinhos desde a Idade Média e em passado não distante, tinha seus vinhos conhecidos como zona de produção do Ribatejo. Com uma ação de marketing eficiente adotou a denominação Tejo, associando sua marca ao Rio Tejo símbolo da região (como outros rios de regiões produtoras do mundo), trazendo maior reconhecimento econômico.

A CVRTejo tem grande interesse no mercado brasileiro, promovendo ações contínuas em várias cidades através da “Caravana dos Vinhos do Tejo”, programa que investe na formação da cultura dos vinhos do Tejo.

A grandiosidade do Rio Tejo induz a existência de três zonas vitivinícolas distintas (terroir) na CVRTejo, que produzem vinhos brancos, roses, tintos, espumantes, frisantes, licorosos e colheita tardia:

– Lezíria ou Campo – situada nas margens férteis do rio, com aptidão para produção de vinhos brancos;

– Bairro – situada entre o Vale do rio e os maciços de Mós, Candeeiros e Montejunto, com solos argilo-calcários, ideal para castas tintas;

– Charneca – situada ao sul do campo, na margem esquerda do rio, com solos arenosos aonde são produzidos vinhos tintos e brancos.

Os vinhos DOC do Tejo e Vinho Regional Tejo são produzidos em 17.000 ha de vinhedos, com produção anual de 630.000 hl. A região possui clima moderado, com temperaturas médias de 15,5 – 16,5 graus C, insolação de 2.800 horas/ano e precipitação de 750 mm/ano.

Na CVRTejo temos a presença de castas portuguesas e introduzidas, dentre as quais as brancas: Fernão Pires, Arinto, Verdelho, Sauvignon Blanc, Chardonnay, Alvarinho e as tintas: Touriga Nacional, Trincadeira, Cabernet Sauvignon, Castelão, Aragonez, Syrah, Merlot, Alicante Bouschet.

A prova trouxe quatorze produtores para São Paulo:

Adega Cooperativa do Cartaxo, Agro-Batoreu, Quinta da Badula, Casal Branco, Casa Cadaval, Casal da Coelheira (Centro Agríc. de Tramagal), Soc. Agríc. Casal do Conde, Falua Soc. de Vinhos, Fiuza & Bright, Pinhal da Torre Vinhos, Quinta da Alorna Vinhos, Quinta da Lapa (Agrovia Soc. Agropec.), Quinta do Casal Monteiro e Soc. Agríc. Vale de Fornos, sendo que alguns estão à procura de importador para o Brasil.

Os vinhos provados são elaborados com modernas técnicas vitivinícolas, possuem perfil moderno, agradam facilmente o consumidor e estão presentes em vários países. Citamos apenas alguns:

– Brancos:

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Quinta do Casal Branco Alvarinho 2013 e Casal do Conde Alvarinho 2013.

Vinhos característicos com aromas cítricos (flores e frutos), vegetais verdes e na boca apresenta frescor devido à boa acidez, boa persistência e volume.

– Tintos:

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Quinta da Coelheira Reserva 2011 e Quinta do Casal Monteiro Clavis Aurea Reserva 2012.

Vinhos elaborados com corte de uvas, frutados e frescos, com madeira bem integrada, taninos agradáveis, bom corpo, equilíbrio e persistência.

A regularidade das ações da CVRTejo e a consistência de seus produtos estão sendo reconhecidas pelo consumidor, refletindo no crescente volume das vendas no Brasil.

Portugal tem avançado em suas conquistas no nosso mercado, provando mais uma vez que são produtores de vinhos de alta qualidade, reconhecidamente no mundo todo.

Colaboração: Eduardo Morya

Vinhos Casal da Coelheira Reserva e Marquesa de Cadaval surpreendem no evento de vinhos do Tejo

Estive na prova de vinhos do Tejo ocorrida em 13/04/2014 no Hotel Tívoli Mofarrej em São Paulo.

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Claro, como sempre provei vários vinhos de diversos produtores, sendo que alguns me surpreenderam bastante, como o Marquesa de Cadaval 2010, corte das uvas Touriga Nacional, Trincadeira e Alicante Bouschet.

Possui uma cor intensa, quase negra, com notas de flores, especiarias e chocolate.

Na boca é estruturado e muito equilibrado. Os taninos são macios e integrados. O final de boca revela persistência, elegância e bastante corpo. Estagio de 12 meses em barricas novas de carvalho francês. Exuberante!

Um vinho trazido pela Importadora Mercovino.

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Mas um dos vinhos que mais gostei foi o Casal da Coelheira Reserva Tinto 2011, corte das uvas Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon e Touriga Franca.

Um vinho que ainda não faz parte do portfólio da Importadora Max Brands, mas que sem dúvida é adequado ao mercado brasileiro.

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Eu e o enólogo

Conversei com o enólogo e proprietário Nuno Falcão, que me contou um pouco da história da vinícola, suas vinhas de até 30 anos, e sobre o terroir e a região.

Um vinho que também estagiou por 12 meses em barricas de carvalho francês e americano. Frutado e equilibrado. Um vinho profundo de muita persistência, e corpo médio. Aveludado, elegante, inesquecível!

Provei uma infinidade de outros vinhos, entre brancos e tintos, alguns muito bons que oportunamente mencionarei.

Saúde!