A dose certa no amor e nos vinhos

 

Para tudo deve haver equilíbrio. A balança que rege as nossas vidas é feita de escolhas e não de excessos.

Quando damos um novo passo em relação ao futuro, escolhemos nossos caminhos, assim como escolhemos o vinho que queremos beber.

Alguns vinhos foram feitos para serem degustados vagarosamente. Guardamos na memória olfativa, na parte tátil, todas as nossas impressões.

Alguns vinhos são enigmáticos, misteriosos e que proporcionam a cada gole uma nova descoberta.

Assim são algumas pessoas em nossa vida. Umas vêm para mostrar caminhos. Outras são básicas, pouco representativas, apenas cumprem um papel diante de nós.

Há as pessoas mais intensas, como alguns vinhos, estas são marcantes, especiais.

Há as nervosas, pouco equilibradas, nos tiram do eixo, são como os vinhos desequilibrados e irregulares.

Mas não posso deixar de dizer que em cada aspecto do vinho, assim como nas pessoas, há a parte boa, o lado bom de todas as coisas.

Pesar a balança das escolhas é exatamente isso, poder determinar que mesmo em desalinho, há sempre a possibilidade de evolução e de encontros.

Pegue uma taça, perceba como o vinho pode mudar e trazer a tona encantos não percebidos.

Não pode haver conceitos pré-estabelecidos ou pré-conceitos para esta análise.

 

O vinho é a única bebida considerada um organismo vivo, que muda no tempo e na garrafa. Nós também somos assim.

Quanta sinergia não há nesta associação das qualidades de um, o vinho, e de outro, as pessoas.

E tudo é momento, porque se não estamos propensos podemos abrir o melhor dos vinhos e deixarmos escapar o fato dele não nos empolgar, não nos oferecer seu melhor, simplesmente porque não enxergamos, não percebemos, estamos cegos a ele e as pessoas que realmente importam.

E por quê? Porque aquele era o momento errado, não estávamos preparados para nos deixar levar…

Mas, se tivermos paciência, se observarmos, se soubermos avaliar cada segundo da nossa evolução e do vinho, poderemos em um instante, alegrar a nossa alma, pelo encontro do melhor vinho, com nosso melhor momento, e vivermos o amor na plenitude de quem ama de verdade e se entrega, de corpo e alma, a viver todas as emoções que só um grande amor e um grande vinho podem proporcionar.

Ninguém quer vinhos ruins, Ninguém deseja um amor que não seja somatória.
Pesar na balança das escolhas é entender e compreender o que ela nos mostra ou quer mostrar.

Em um casamento aprendemos a avaliar, e equilibrar cada momento. Relevando os erros, acertando o paladar, as palavras, preparando o melhor prato e saboreando da vida cada oportunidade vivida.

Quando gostamos de um vinho, queremos parar aquele momento, eternizá-lo em nossa memória, fazer da lembrança de cada taça, a lembrança de cada beijo dado com amor.

Dosar o amor é antes de tudo estar aberto a ele, dosar as expectativas, sentir o mistério de cada palavra, de cada vinho e compreender a nós mesmos em todas as nossas limitações.

Um bom vinho, um bom amor em doses certas, encantam a alma e o coração.

Saúde!

 

Há poesia nos vinhos…

 

Como um hábito pode ser eternizado no tempo?

Assim como as crenças que se propagam?

O vinho se renova nos encontros

Determinados pelos momentos,

Pelos acontecimentos e pela história.

Envolvem as pessoas e seus sentimentos,

Abrem portas e fazem amores.

Em cada descoberta, uma surpresa;

Assim como os gestos espontâneos,

Que alegram nossa existência,

Aquecem nossos corações.

Sentimos o pulsar da vida,

A alegria e a felicidade.

Somos um, somos muitos,

Á compartilhar a grandeza

E os momentos inesquecíveis.

Talvez os deuses… com certeza um Deus.

Abraçando calorosamente,

Igualando no crescimento e na vontade.

Somos um, somos muitos.

Uma sensação… várias.

Poderia ser apenas um prazer terreno,

Mas é o fruto da sabedoria do homem,

Na sua busca, na eternidade,

No amanhã que se esconde no infinito

…de nossos dias…