A triste realidade de almoçar em um restaurante em plena pandemia

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Tristeza é a sensação do momento

Depois de mais de seis meses de ‘confinamento” o Lilló foi meu primeiro restaurante a ser visitado.

Local onde já estive várias vezes em companhia de amigos e também em eventos e em família.

Ambiente amplo e lindo, sempre acolhedor com todas as suas mesas ocupadas, uma alegria contagiante do vinho na taça, nas luzes do dia em que o raio de sol penetra e nas noites iluminadas onde a frondosa árvore interna trazia alegria e contentamento em cada garrafa de vinho aberta.

Adega linda, impecável e repleta de bons rótulos, buffet saboroso onde me deliciava com os pratos e “comia” com os olhos.

Mas tudo mudou nessa pandemia. Não pelo restaurante que em sua busca incansável pela sobrevivência tomou todos os cuidados necessários distanciando mesas, colocando o QR Code do cardápio e mantendo o afastamento necessário que o momento pede, cancelando o buffet e servindo apenas pelo cardápio.

Antes era assim...

Antes era assim…

O que senti? Tristeza. Um vazio tomou minha alma e meu momento. E não foi a companhia e nem as conversas, muito pelo contrário.

As acaloradas mesas ocupadas deram lugar a um silêncio de afastamento entre pessoas, como se cada uma delas não tivesse mais assunto para falar. Parte da alegria dos encontros era a soma do burburinho e o constante pedido de vinhos, entre uma entrada e outra, entre um prato e outro… isso acabou.

Mesas distantes, distanciamento físico, algo gélido, algo impessoal passou a nos rondar. Não que eu tenha medo, tomo sim todas as minhas precauções, mas tudo, tudo absolutamente mudou como se agora fossemos parte de um outro mundo, mais frio, menos acalorado, impessoal, menos prazeroso.

Qual a minha esperança? Que possamos retornar melhores em um futuro próximo, valorizando as relações, as pessoas, os funcionários e clientes, pois tudo isto garante um ciclo, garante esta alegria perdida que mencionei.

Não foi um momento feliz confesso. Foi estranho e a única palavra que descreve estas sensação em meio a tantas perdas foi tristeza.

O vinho estava lá, os pratos saborosos também, bem como a conversa saudável de sempre. Mas algo intimamente mudou…

Não ouvi as vozes nas outras mesas, apenas os mínimos comentários foram justamente sobre a dificuldade do momento, a necessidade de adaptações e a busca pela sobrevivência, apenas isso.

E assim foi o almoço, até o fim da garrafa, em conversa baixinha, sentindo tudo isso.

Retornei pensativo e imaginando até quando esta sensação consciente das coisas nos tomará e se conseguiremos retomar o que tínhamos.

Não sei dizer quanto tempo demorará para nos sentirmos plenos e seguros.

De qualquer forma espero que seja em breve e com muita saúde e valorização do que temos e somos.