O tempo e os vinhos…

Tudo tem seu tempo, tudo tem seu momento e talvez alguns vinhos sejam mais eternos que algumas pessoas.

Somos infinitos como almas, como espíritos e carregamos em nossas lembranças tudo o que vivemos e somamos ao longo da vida, é isto o que
nos faz eternos.

O vinho tem seu lado, suas particularidades, sua vida. Condensando todas as formas de sua concepção, ele é o marco, o registro de seu criador. Se carregar intenções de envelhecimento, se torna complexo, notadamente especial, como algumas pessoas nos parecem ser.

Mas se foram feitos ligeiros, com intenções de um consumo rápido, sem pretensões, se tornam uma chama que se apaga rapidamente.

O eterno no vinho também são as lembranças que eles podem trazer. Lembrar-se de um momento especial, gravado em nós, em nossos
pensamentos e sentimentos. Poderemos dizer ao longo do tempo que aquele determinado vinho , que provamos em determinada circunstância se tornou um registro, nos marcou.

A vida é cheia de surpresas, lembranças que carregamos conosco. O vinho é assim, misterioso, complexo e elegante como gostaríamos de ser, pois queremos também ser lembrados.

Quando digo que alguns vinhos são mais eternos que algumas pessoas, isto é algo bem pessoal. Na verdade, pessoas nos marcam e vinhos nos
marcam, e existem aí, as diferenças entre quem passa em nossa vida de forma despercebida e o vinho do qual lembramos sempre com saudades, por nos remeter um momento único e também alguém especial.

O passar do tempo nos amadurece e nos torna mais experientes, nos faz enxergar coisas que antes não percebíamos, mas que estavam lá. O vinho
é a condensação de uma vida, de trabalho e de sonhos, as nossas vidas.

Porque algo sobreviveria tanto tempo se não tivesse sua complexidade e importância? Porque o homem estaria tão preocupado em preservar suas raízes e tradições no vinho se não enxergasse o quanto ele em si carrega?
O que as religiões condensam no pensamento de seus fiéis, quando fazem do vinho o sangue Daquele que foi puro amor? Perguntas que só um bom vinho, uma taça provada, pode nos revelar.

O que sabemos é que o tempo nos pede certa reflexão, do que somos, do que queremos ser e do que precisamos para sermos felizes. Não em uma
vida, mas em todas as vidas que fazem de nós, seres infinitos no tempo de cada um.

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